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Embrapa cria sistema que economiza 61% da água na produção de hortaliças

Um sistema desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical (CE) promete dar um salto na economia de água e fertilizantes em cultivos protegidos de hortaliças. A tecnologia, que coleta, trata e reaproveita a solução nutritiva drenada em sistemas sem solo, elevou em 61% a eficiência no uso da água e reduziu em 29% o consumo de fertilizantes, segundo testes em um cultivo comercial de tomate tipo grape na Serra da Ibiapaba (CE).

O método utiliza filtros de areia de baixo custo e esterilização por luz ultravioleta (UV) para eliminar impurezas e patógenos, permitindo que a solução nutritiva seja reaplicada na fertirrigação sem riscos para a produção. Mesmo com investimento inicial maior, a redução no gasto com insumos e energia faz com que o sistema tenha custo operacional menor ao longo do ciclo produtivo.

Como funciona o sistema

A solução drenada dos vasos é coletada por calhas instaladas sob as plantas e enviada para um reservatório. De lá, passa por filtros de areia construídos com bombonas plásticas, brita e areia fina, em processo de filtragem lenta (100 a 250 L/h por m²). Na etapa seguinte, a solução segue para o esterilizador UV, que elimina micro-organismos, incluindo esporos de fungos como Fusarium. Após o tratamento, ela é encaminhada para um reservatório final, onde é corrigida e retorna ao sistema de fertirrigação.

Os pesquisadores Fábio Miranda e Marlon Valentim explicam que a combinação entre filtragem biológica e esterilização UV garante segurança ao reuso, evitando a disseminação de doenças e contendo o aumento da salinidade, dois dos maiores entraves para adoção desse tipo de sistema no país.

Validação em estufa comercial

Os testes foram realizados em uma área de 2.500 m² em Guaraciaba do Norte (CE). Dois cultivos de mil plantas cada foram comparados: um com reuso e outro no modelo convencional. Os resultados mostraram:

  • 25% menos água aplicada na irrigação diária;
  • Eficiência hídrica de 18,6 kg/m³ de tomate, contra 11,5 kg/m³ no modelo sem reuso;
  • Economia de 900 kg de fertilizantes em um único ciclo de 180 dias;
  • Redução de 24% nos custos com insumos ligados à nutrição das plantas.

Segundo a Embrapa, o sistema também reduz a captação de água subterrânea, recurso predominante na Serra da Ibiapaba, ajudando na preservação dos aquíferos da região.

Aproveitamento da água da chuva

Outro diferencial é a possibilidade de integrar água da chuva ao sistema. Em estufas de 2.500 m², o volume captado foi suficiente para abastecer completamente dois ciclos de cultivo de tomate ao longo de um ano, diminuindo ainda mais a dependência de poços e mananciais.

Tecnologia já está em uso comercial

Desde março de 2025, o sistema também vem sendo aplicado no cultivo hidropônico de folhosas , como alface, rúcula, cebolinha e coentro, em parceria com a empresa Forteagro, em Guaraciaba do Norte. No local, uma vitrine tecnológica demonstra a operação completa do sistema para produtores, técnicos e potenciais compradores.

De acordo com o proprietário da empresa, Gutenberg Pinto, a expectativa é ampliar o uso do cultivo protegido sustentável em toda a região da Ibiapaba, aliando demonstração, capacitação e comercialização de equipamentos.

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