A indústria brasileira já começa a enfrentar o impacto do aumento das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que entram em vigor no dia 6 de agosto e podem encarecer em 50% uma série de produtos exportados para os Estados Unidos (EUA), informa o portal g1.
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Além disso, a mudança pode ameaçar contratos históricos, entre eles um acordo de 20 anos com uma fabricante de lâminas de aço.


A medida pode afetar não só as exportadoras, mas toda a cadeia produtiva, do aço em Minas Gerais até o transporte e a indústria metalúrgica da Grande São Paulo.
A tendência de reação em cadeia mostra que o impacto do tarifaço ultrapassa o produto final e atinge fornecedores e setores interligados. A cadeia produtiva prejudicada chega a US$ 14,5 bilhões se forem levados em conta os itens exportados para os EUA em 2024.
Empresas já cancelaram encomendas de matéria-prima e revisam seus planejamentos, revela o portal. “A gente vai ter que ofertar esse caminhão para outras rotas, para outros tipos de trabalho e isso prejudica a economia como um todo”, explica Tony Bernardini, CEO de transportadora envolvida no processo.
Segundo o gerente comercial Moacir Matsuda, “esse produto é feito no mundo inteiro”. Ele ainda compelta:
“A China é extremamente competitiva em mão de obra e tem matéria-prima barata. Ainda com uma taxa menor que a do Brasil, consequentemente a gente poderá ter um grande prejuízo”.
A suspensão de investimentos e planos de expansão já é realidade, com a empresa em compasso de espera para avaliar os desdobramentos.
Transportadoras refazem planos por causa das tarifas dos EUA
Economista da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV,-SP), Sergio Goldbaum alerta que a busca por novos mercados pode levar anos e que o prejuízo é tanto financeiro quanto de futuro imediato: “Você não apenas perde um investimento de anos como você também não sabe o seu futuro imediato”.
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O contrato de duas décadas com os EUA, que garantiu estabilidade para a fabricante paulista de lâminas de aço, está em risco. Caso o cliente americano cancele as encomendas, a receita da empresa, que depende em 20% desses produtos, sofrerá um baque severo, agravado pelo aumento dos custos provocado pelas tarifas.
A produção dessas lâminas é acelerada e precisa: são 400 cortes por minuto, gerando 800 unidades destinadas à fabricação de bombas para extração de petróleo. Trata-se de produtos especializados, com baixa possibilidade de adaptação para outros mercados.
Além da metalúrgica, a cadeia logística também sente os efeitos. O aço, fabricado em Minas Gerais, teve suas encomendas suspensas para setembro, segundo o g1.
Transportadoras responsáveis pela movimentação do material também estão revendo seus planejamentos. “A gente vai ter que ofertar esse caminhão para outras rotas, para outros tipos de trabalho e isso prejudica a economia como um todo que vai ter uma oferta maior de veículos, com a movimentação menor de cargas,”, completa Tony Bernardini, CEO de uma transportadora de aço.