Sara Ganime – 13/06/2025 16h15

Enquanto o Brasil decide premiar corruptos com cargos políticos, a Argentina decidiu puni-los. Cristina Kirchner está inelegível para sempre e essa decisão foi da Suprema Corte argentina, após a ex-presidente do país ser condenada por corrupção.
Em paralelo, o país dos “hermanos” vive um momento de crescimento desde que decidiram que não queriam mais ser governados pelo populismo.
Na minha primeira visita à Argentina, em 2019, eu experimentei um país que vivia um nível de pobreza e não enxergava como se recuperar. Na minha segunda vez, em 2023, Buenos Aires tinha se tornado um destino para brasileiros que queriam gastar pouco e viver como ricos. Na minha terceira vez, também em 2023, eu vi na apuração de votos da eleição presidencial o olhar esperançoso de muitos argentinos. Eu vivi o momento em que milhões de pessoas decidiram dizer adeus ao peronismo, ao populismo e dizer “bem-vindo” a uma nova forma de fazer política.
Para entender a importância do que a Argentina está vivendo hoje, é preciso lembrar o que foi o peronismo. Desde os anos 40, do século passado, o país se acostumou a um sistema baseado em populismo, intervencionismo, sindicatos poderosos e captura do Estado.
Juan Domingo Perón consolidou essa cultura política e, décadas depois, o Kirchnerismo a levou ao extremo. Néstor Kirchner, presidente entre 2003 e 2007, e sua esposa Cristina, que o sucedeu por dois mandatos, aprofundaram o estatismo, os controles e, claro, os esquemas de corrupção.
O caso que finalmente levou Cristina Kirchner à condenação é emblemático: durante seus governos, de 2007 a 2015, Cristina comandou um esquema bilionário de fraudes em contratos públicos na província de Santa Cruz. O prejuízo estimado ao Estado argentino: mais de 1 bilhão de dólares.
Agora, a Suprema Corte confirmou: Cristina Kirchner está inelegível para sempre. Um marco simbólico e jurídico.
Enquanto isso, no Brasil, a Justiça foi incapaz de sustentar as condenações de um ex-presidente que, hoje, volta a ocupar o Palácio do Planalto.
Mas, não é só nos tribunais que a Argentina vem mostrando disposição de mudar. A eleição de Javier Milei foi um verdadeiro grito de liberdade. Um outsider, um liberal que desafiou décadas de populismo e venceu com uma mensagem de responsabilidade fiscal e defesa do mercado.
Os resultados, ainda em pouco tempo de governo, já são visíveis. Em um contexto de ajuste fiscal duríssimo, com redução de cinco pontos do PIB em gastos públicos, a inflação começa a recuar e a pobreza também. A pobreza infantil apresentou uma melhora histórica, com 1,7 milhão de crianças saindo dessa condição.
Claro que o caminho é longo e cheio de desafios. Mas o mais importante é o movimento cultural que se vê nas ruas e no debate público. A Argentina rejeitou o modelo populista que a levou ao fundo do poço e decidiu apostar em outra direção.
É isso que torna este momento tão inspirador para quem, como eu, acredita na liberdade. Não se trata de idolatrar líderes, mas de reconhecer que sociedades podem, sim, dar um basta e escolher trilhar um caminho melhor.
Enquanto o Brasil normaliza que réus e condenados voltem ao poder, a Argentina mostra que é possível romper com a velha política e, mais do que isso, criar um ambiente onde os valores da ética, da responsabilidade e da liberdade voltem a ter espaço.
Que sirva de exemplo. Que sirva de esperança. Que sirva de lembrete de que a América do Sul não está fadada a ser eternamente refém do populismo. Se a Argentina consegue, mesmo depois de tanto tempo presa ao peronismo, por que não podemos sonhar também com um Brasil mais livre?
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Sara Ganime é jornalista e defensora da liberdade de imprensa e de expressão. É líder do LOLA Rio de Janeiro e fellow do María Oropeza Activism Fellowship. Com passagens pela cobertura política no Congresso Nacional, acompanha de perto os movimentos liberais na América Latina. |
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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