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Entenda as denúncias de Felca contra a ‘adultização’ de crianças


O influenciador Felipe Bressanim, conhecido pelo apelido de Felca, publicou, na última quarta-feira, 6, um vídeo em que denuncia a “adultização” e exploração de crianças e adolescentes em conteúdos publicados nas redes sociais.

Entre os casos apresentados, está o do influenciador digital Hytalo Santos, que acumula mais de 20 milhões de seguidores nas redes sociais e é investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) desde 2024.

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O vídeo, que ultrapassou 28 milhões de visualizações até a publicação desta reportagem, cita episódios que envolvem adolescentes que teriam participado de produções com elementos de conotação adulta.

Um dos exemplos mencionados é o de Kamylla Santos, que, segundo Felca, “entrou no círculo de Hytalo” aos 12 anos e permaneceu até os 17. Ele afirma que Hytalo teria criado um formato similar a um reality show com “clima adulto” e conversas sobre relacionamentos entre menores.

De acordo com o conteúdo apresentado por Felca, essas produções incluíam “cenas que expunham adolescentes com poucas vestes” e “em atitudes sugestivas”, como o episódio em que Kamylla aparece “rebolando no colo de outro menor de idade”, enquanto é filmada e aplaudida por adultos.

O vídeo também menciona a realização de apresentações para plateias adultas, com “danças sensuais” em ambientes onde havia “público consumindo drogas e álcool”. Aos 17 anos, Kamylla teve um procedimento de implante de silicone exposto em vídeo de pós-operatório.

Investigações do Ministério Público

O MPPB informou que instaurou, em 2024, duas frentes de investigação contra Hytalo. Os procedimentos começaram a partir de denúncias registradas no Disque 100 e apuram possível exploração de menores por meio de vídeos de danças e conteúdos relacionados a relacionamentos.

Segundo o órgão, está em análise se o material veiculado “possui teor sexualizado que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”. O promotor João Arlindo Corrêa Neto afirmou que a apuração inclui “a escuta dos adolescentes e de seus responsáveis” para avaliar o caso. Os processos tramitam sob sigilo em razão do envolvimento de menores.

O Ministério Público do Trabalho da 13ª Região também abriu investigação sobre o caso, para verificar eventual exploração do trabalho infantil artístico ou exposição indevida de menores. Ainda segundo o MPPB, como medida cautelar, houve a remoção das redes sociais de Kamylla por decisão judicial.

Hytalo nega as acusações. “Na minha casa têm minhas crias que passam boa parte do tempo comigo e boa parte com as mães, as mães sempre acompanharam tudo”, afirmou durante pronunciamento em outra ocasião. Ele também disse colaborar com o Ministério Público e que as gravações são acompanhadas pelas responsáveis. Diante da denúncia atual, no entanto, Hytalo não se pronunciou.

Felca cunha o termo “adultização”

O termo “adultização” não é tipificado como crime na legislação brasileira. Contudo, práticas que possam expor crianças e adolescentes a conteúdos ou contextos sexualizados podem configurar violações previstas no ECA.

O estatuto define crianças como pessoas de até 12 anos incompletos e adolescentes como aquelas entre 12 e 18 anos, e garante a ambos “condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”, além de proibir “qualquer forma de negligência, exploração, violência ou submissão a constrangimento”.

A sexualização infantil é vedada no Brasil | Foto: Shutterstock

O ECA prevê, no artigo 241, que é crime “produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”, bem como “vender ou expor à venda” ou “adquirir” esse tipo de material.

A pena varia conforme a conduta e pode incluir reclusão e multa. Ainda que não haja relação sexual, a exposição em contexto sexualizado pode ser enquadrada como “exploração” ou “constrangimento ilegal”.

O “algoritmo P” e críticas às plataformas

No vídeo, Felca também apresentou o termo “algoritmo P” para descrever como mecanismos de recomendação de redes sociais podem potencializar a exposição de crianças. Segundo ele, ao identificar que um usuário interage com vídeos de crianças em situações sugestivas, o sistema “passa a entregar mais desse material, criando um ciclo perigoso”.

O youtuber afirmou que “o problema não está no algoritmo em si, mas na sua falta de filtro ético” e que, ao interagir com conteúdo “mais sugestivo”, o sistema rapidamente “aprende” a preferência e recomenda vídeos similares.

Hugo Motta
Hugo Motta promete pautar projetos voltados à regulamentação das redes sociais em prol da proteção de menores no ambiente digital | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Felca declarou que essa dinâmica “se torna um facilitador para predadores, unindo quem produz e quem consome esse tipo de conteúdo”. Ele criticou as plataformas pela “falta de ação” e afirmou que a monetização e a recomendação desses vídeos representam “descaso” ou “má intenção”.

A repercussão do caso impulsionou a apresentação de projetos de lei na Câmara dos Deputados voltados à regulamentação das redes sociais em prol da proteção de menores no ambiente digital. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que pretende pautar parte dessas iniciativas ainda nesta semana.

Leia também: “A ousadia do crime organizado”, reportagem de Edilson Salgueiro publicada na Edição 243 da Revista Oeste

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