Após a derrota do São Paulo para o Fluminense por 6 a 0, o Tricolor viu sua crise interna vazar por completo. A declaração de Luiz Gustavo e a saída de Carlos Belmonte escancaram um ambiente que foi desgastado ao longo de 2025 por diversos motivos.

A reportagem da TNT Sports apurou que o ambiente pesado, desorganizado e de intensa disputa política passou a interferir no campo há alguns meses. Além de alguns pagamentos atrasados, ato recorrente na atual gestão são-paulina, alguns fatos recentes passaram a incomodar o elenco de jogadores.

O principal ato que contribuiu para a crise se escancarar foram entrevistas recentes dos dirigentes do São Paulo apoiados em discursos de controle da situação. Elas passaram ao grupo de atletas uma impressão de desconexão com a realidade dos mandatários. Os dois principais pontos falados em entrevistas dão conta do alto número de lesões do elenco, normalizado até pouco tempo pela direção são-paulina em declarações públicas. O grupo de jogadores não está satisfeito com a situação que o departamento médico vive nos últimos tempos, uma vez que o resultado de campo passou a ser extremamente afetado por falta de atletas.

O outro discurso que incomodou o grupo de atletas envolve também a normalização dos atrasos de pagamentos causados pela crise financeira que o clube vive. Como a TNT Sports já havia publicado, é corriqueiro no dia a dia do São Paulo o atraso de alguns vencimentos. Apesar do combinado entre grupo e dirigentes, os atletas entendem que o discurso precisa ser de buscar soluções para a situação, já que há tempos o São Paulo tem dificuldade de fazer todos seus pagamentos aos jogadores em dia.

Nas últimas semanas, também passou a rodar pelos corredores do CT da Barra Funda um discurso de reformulação no elenco para 2026. As conversas informais chegaram até os atletas, que passaram a se sentir sem apoio da diretoria no momento difícil da temporada e em meio à briga pela vaga na pré-Libertadores de 2026.

A TNT Sports conversou com diversas fontes envolvidas com o elenco de atletas e escutou mais de um relato de decepção e preocupação com o futuro, inclusive de reforços recentes, não apenas dos líderes remanescentes. O grupo hoje se sente desprotegido quanto aos problemas internos e institucionais do clube, impressão passada também pela ausência de Julio Casares e Carlos Belmonte em jogos fora de casa nos últimos tempos.

Além disso, uma conversa dos diretores do São Paulo com o elenco após a derrota para o Mirassol por 3 a 0 pelo Brasileirão não pegou bem no grupo. O tom usado pelo superintendente Marcio Carlomagno incomodou lideranças presentes na reunião, já que o planejamento da temporada, considerado ruim até pelos jogadores, foi feito pelos próprios dirigentes.

O fato aconteceu logo após a chegada do CEO no CT da Barra Funda, deixando de atuar apenas no MorumBIS. O movimento também teve impacto na gestão do grupo, escanteando Carlos Belmonte, principal responsável pela comunicação com os atletas até então, e resultou na saída do diretor na última sexta-feira (28).

O lado do São Paulo

Em contato com a reportagem da TNT Sports, o São Paulo alega que, após uma derrota como a de 3 a 0 para o Mirassol, é normal que aconteça uma reunião e nega que Carlomagno tenha subido o tom nas cobranças.

O clube garante ainda que não encara os atrasos de pagamento com normalidade, buscando resolver o quanto antes suas pendências financeiras com o grupo de jogadores, e reconhece que as declarações normalizando as lesões não podem mais acontecer. É esperado internamente uma resolução do problema para a próxima temporada.

Sobre a ausência de Casares e Belmonte nas viagens, o São Paulo alega que Rui Costa esteve presente e em contato constante com os atletas, sem deixar vazar qualquer questão interna.

Sobre uma possível reformulação no elenco, o clube afirma que não passou para nenhum jogador sobre a possibilidade. No entanto, em qualquer empresa e time há certa preocupação em fim de ano com o futuro, já que é um período normal de entradas e saídas na preparação pra temporada seguinte.