A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) recebeu da Câmara dos Deputados um reembolso de R$ 24,7 mil referente a uma cirurgia no nariz realizada no final de fevereiro de 2024. De acordo com o site Metrópoles, o procedimento foi justificado por razões de saúde e teve como objetivo tratar quadros severos de sinusite bacteriana.
Segundo a deputada, o reembolso foi solicitado apenas para a parte funcional da cirurgia. “O procedimento médico foi reembolsado pela Câmara Federal de acordo com as regras de assistência médica da casa e não tem nenhuma relação com qualquer procedimento estético realizado pela parlamentar, que foram custeados com recursos próprios”, afirmou.
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Documentos apresentados à reportagem mostram que Erika desembolsou R$ 26 mil na parte médica da cirurgia, valor do qual obteve reembolso parcial. Outras duas notas fiscais, que totalizam R$ 22 mil, dizem respeito ao procedimento estético e não foram reembolsadas. Ambas as intervenções foram feitas na mesma sessão cirúrgica, em fevereiro de 2024, em São Paulo.
Os dados sobre o reembolso constam no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) da Câmara dos Deputados, onde foi identificado que o valor de R$ 24,7 mil foi pago no dia 1º de abril de 2024.
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Erika Hilton recebeu reembolso pela parte funcional da cirurgia
A legislação da Câmara proíbe expressamente o reembolso de “tratamentos estéticos de qualquer natureza”. Entretanto, o procedimento funcional, voltado a problemas como obstrução nasal, perfuração do septo e sinusites crônicas, é considerado elegível para reembolso.
Ainda segundo o regulamento interno da Casa, não há limite total para reembolsos médicos, desde que nenhuma nota fiscal ultrapasse o teto de R$ 135,4 mil. Até o momento, em 2025, os reembolsos a deputados por tratamentos de saúde somam R$ 1,6 milhão, com o maior pagamento individual de R$ 123 mil.
Pra quem falou mal da minha rino
com vcs minha mãe!
HAHAHAHAHAHAHAH 💗🔊 pic.twitter.com/BQaw1hAxny
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) March 31, 2024
A deputada afirmou que passou por “seis ciclos de antibióticos e corticoides em apenas um ano”, e que as medicações não surtiam mais efeito. “Caso não fossem realizados [os procedimentos cirúrgicos], a única opção que restaria à deputada seria a hospitalização sempre que houvesse uma infecção bacteriana em seu sinus”, diz a nota.
À época, a parlamentar publicou em suas redes sociais um vídeo em que sua mãe comenta a mudança estética depois do procedimento: “Pessoal tá falando do nariz dela, querendo deixar ela para baixo, mas não vai, queridinho”, debochou. “Sabe por quê? Porque ela ficou maravilhosa. E quem está falando, sabe com o quê que está? Com recalque.”
Deputados acionam o MP para apurar conduta da deputada
O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e o deputado estadual Guto Zacarias (União) protocolaram, nesta quarta-feira, 25, uma notícia de fato no Ministério Público Federal (MPF), em que solicitam a apuração de uma possível prática de improbidade administrativa por parte de Erika Hilton.
A representação foi encaminhada à Procuradoria da República no Distrito Federal, que tem atribuição para analisar o caso em primeira instância. Caso o procurador entenda que há indícios de crime, o processo pode ser remetido à Procuradoria-Geral da República para eventual instauração de investigação criminal.


Os parlamentares questionam a realização conjunta dos procedimentos — médico e estético — em um mesmo ato cirúrgico, o que levanta dúvidas sobre o real fracionamento dos custos e o efetivo uso de recursos públicos.
“A deputada alega que pagou separadamente a parte estética, mas é, no mínimo, estranho que uma cirurgia de saúde financiada com verba pública seja feita junto de uma intervenção estética”, argumenta o documento apresentado ao MPF. “Isso pode ter barateado os custos da cirurgia estética, mascarando o uso de recursos públicos.”
Leia também: “A volta dos Irmãos Petralha”, reportagem de Augusto Nunes e Eugenio Goussinsky publicada na Edição 239 da Revista Oeste