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Escola de samba do RJ escolhe homenagear Lula em 2026

A Escola de Samba Acadêmicos de Niterói retratará a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu desfile de estreia no Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, em 2026, com o enredo “Do alto do mulungu surge a esperança: Lula, o operário do Brasil”.

A proposta da escola é abordar a infância de Lula em Pernambuco, a migração para São Paulo e a atuação sindical, sem se aprofundar na carreira política. A Acadêmicos de Niterói ingressou na Série Ouro em 2023, ao adquirir os direitos de desfile da Acadêmicos do Sossego, também de Niterói, que abriu mão da vaga naquele ano.

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Com a transição, a Sossego encerrou suas atividades e permitiu a fundação da Niterói, que manteve elementos como cores, símbolo e parte da equipe original. Em 2025, conquistou o título da Série Ouro com enredo sobre o São João de Maracanaú, no Ceará, o que superou expectativas e gerou questionamentos sobre possíveis influências políticas na vitória.

A direção da escola e a Liga RJ mantêm relações estreitas: Hugo Júnior, hoje presidente da Liga, já presidiu a Niterói e a Sossego; Wallace Palhares, atual presidente da Niterói, também comandou a Liga anteriormente. O município de Niterói, assim como o governo estadual, financia a escola, que recebeu R$ 80 mil do Estado e R$ 2 milhões da prefeitura no último Carnaval.

O apoio financeiro a escolas de fora da capital é prática comum. Entidades como União de Maricá e Unidos do Viradouro recebem recursos de prefeituras e do governo estadual. Procurada pelo jornal Folha de S.Paulo, a Prefeitura de Niterói informou que manterá a subvenção em 2026, mas os valores ainda não foram definidos.

O município declarou que a escolha do enredo não interfere no repasse. “A prefeitura respeita a liberdade criativa das agremiações, que têm total autonomia para definir os temas de seus desfiles”, informou em nota. O prefeito Rodrigo Neves, aliado de Lula, recebeu apoio do petista nas últimas eleições municipais.

Desfile da Acadêmicos de Niterói em 2025 | Ronaldo Nina/Riotur

Escola de samba justifica escolha de Lula para o enredo

Para evitar problemas jurídicos em ano eleitoral, a escola montou um grupo de advogados que acompanha a elaboração do enredo. A sinopse, que orienta a criação do samba-enredo, ainda está em fase de desenvolvimento. O tema foi escolhido por Palhares depois de uma tentativa frustrada de captar patrocínio para outro enredo.

“É um enredo forte para uma escola que está chegando agora. A história precisa vir das coisas em que a gente acredita”, afirma o diretor da Niterói. “O time é todo formado por pessoas que vieram de periferias e foram beneficiadas por programas sociais. Esse enredo casa com a identidade da escola e de seus componentes.”

Segundo Palhares, a proposta foi levada a Lula por interlocutores como Rodrigo Neves e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), e recebeu a aprovação do presidente da República.

O carnavalesco Thiago Martins relatou que a expectativa é alta. “Tem muita gente pedindo para desfilar e muita mensagem positiva. Os componentes estão bem felizes e até simpatizantes de outras escolas dizem que vão torcer para a Niterói também”, afirmou à Folha.

No Carnaval de 2026, homenagens em enredos também serão destaque em escolas como Imperatriz Leopoldinense, que celebrará Ney Matogrosso, e Mocidade Independente de Padre Miguel, com tributo a Rita Lee. “Quando a ideia chegou, fiquei ‘meio assim’, mas pensei: ‘Se o Carnaval de 2026 vai ter tanta homenagem, por que não homenagear alguém que fez pelo povo?’”, disse Martins.

Especialistas em direito eleitoral avaliam que, em princípio, o enredo da Niterói não configura propaganda antecipada, mas recomendam cautela na execução do desfile. “Se tivermos um setor com faixas, placas ou qualquer coisa evocando voto, ainda que indiretamente, teremos uma propaganda”, disse a advogada Gabriela Schelp à Folha. “No caso do presidente, a trajetória política se confunde com a trajetória de vida. Há risco de judicialização, se não do desfile inteiro, ao menos de trechos.”

Segundo o advogado Arthur Richardisson, homenagens e relatos biográficos não configuram crime eleitoral, desde que não incluam pedidos de voto. “Vira ilicitude quando há faixas, placas, sambas-enredo, refrões, alegorias ou performances com expressões explícitas como ‘vote em Lula’, ‘Lula presidente’, menção a número na urna ou qualquer outro conteúdo que estimule ou peça apoio eleitoral diretamente.”


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