Quem viaja pelas cidades do sul de Santa Catarina se depara com cenas incomuns no Brasil. Os turistas passam por casas de madeira — cada uma com sua chaminé — e uma vegetação que nasce somente em lugares cujo clima é subtropical. Os moradores esquentam o jantar no fogão a lenha. O objeto também mantém a casa aquecida contra frio intenso.


Os Estados sulistas experimentam uma forte onda de frio desde o fim de maio — algumas cidades, inclusive, registram temperaturas negativas. Na terça-feira 24, os moradores de Urupema (SC) sentiram na pele uma sensação térmica de -29ºC. Outros municípios catarinenses, como Bom Jardim da Serra e São Joaquim, viram as montanhas e as estradas ficarem cobertas de neve.
Onda de frio no Sul do Brasil
Em entrevista a Oeste, o climatologista Ricardo Felício explicou o fenômeno que atinge o Sul do Brasil. De acordo com o especialista, o frio intenso chega à região em virtude do solstício de inverno que atinge o Hemisfério Sul. O período climático faz a Antártida ter dias mais curtos e períodos de até 24 horas de noite. Isso faz as temperaturas caírem consideravelmente no polo.
“A Antártida é o local de origem das massas de ar polares”, explica Felício. “Essas baixas temperaturas migram para o Brasil. Com elas chega o tempo seco. Geralmente, quanto mais fria estiver a Antártida, maior a probabilidade de o frio ser mais severo.”
Neve em Santa Catarina
A neve, por sua vez, aparece em razão do encontro entre a umidade, a massa de ar frio e a altitude. Para ter uma ideia, as serras catarinenses e gaúchas ultrapassam mil metros. A umidade que se origina no Atlântico e passa pela região da Amazônia chega aos Estados do Sul do Brasil.
O encontro entre a umidade e a massa de ar frio presente na região resulta em chuvas. “Quando as temperaturas são muito baixas na primeira camada da atmosfera, o vapor poderá se transformar em água líquida e depois congelar, formando chuva congelada.”
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Felício explica que, se a temperatura estiver abaixo de zero, flocos de neve se formam. “O fator altitude das serras entra como um reforço, facilitando a formação de neve, quando há nebulosidade.”