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Estadão critica ‘democracia dos companheiros’ do PT em editorial

O conceito de democracia, definido por Abraham Lincoln como “do povo, pelo povo, para o povo”, no Brasil tem sido pervertido por um projeto de poder. Conforme aponta um editorial do jornal O Estado de S. Paulo publicado nesta terça-feira, 8, o PT aparelhou a máquina pública e destina recursos do contribuinte a entidades controladas por aliados, para fins flagrantemente partidários.

No terceiro mandato de Lula, os repasses do governo federal a ONGs saltaram de R$ 6 bilhões, em 2022, para um recorde de R$ 13,9 bilhões em 2024. A cifra encorpada acompanha, segundo apuração do próprio jornal, “uma engrenagem informal de financiamento público a estruturas politizadas ligadas ao PT e seus satélites”.

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Um dos casos mais emblemáticos é o da Unisol, ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço político de Lula. A ONG firmou oito convênios, que somam R$ 19,1 milhões. Um deles, de R$ 15,8 milhões, previa a remoção de lixo em terra ianomâmi, a 3 mil km de distância da sede da entidade — uma sala de 40 m² no subsolo do sindicato.

O dinheiro foi transferido em parcela única, antes mesmo das atividades começarem. A avaliação técnica que aprovou o projeto foi contestada por divergências entre pareceristas, e o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu os repasses depois.

No entanto, as suspeitas se multiplicam. O Programa Cozinha Solidária, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, deu R$ 5,6 milhões para uma ONG chefiada por um ex-assessor dos irmãos Tatto (PT-SP). Relatórios sugerem que entidades subcontratadas – também ligadas a petistas – assinaram recibos por milhares de marmitas não entregues. 

Empresas do próprio presidente da ONG e de seu sobrinho foram contratadas com verba pública, em um óbvio conflito de interesse.

Já no Amazonas, o Iaja, fundado por Anne Moura, secretária nacional de Mulheres do PT, ganhou R$ 1,2 milhão para capacitação de jovens. Uma auditoria do Ministério do Trabalho revelou o uso indevido de 97% da verba. A própria Anne já afirmou que a ONG serviria à sua campanha a vereadora. 

A Mídia Ninja, rede ativista de esquerda, opera projetos com ONGs dirigidas por militantes e ex-assessores de políticos, que já receberam R$ 4 milhões do governo.

PT mudou cláusula que regulava gestão de dinheiro público por ONGs

“As digitais do lulopetismo estão por toda parte”, diz o Estadão. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026, o Planalto alterou a regra que exigia a devolução de bens adquiridos por ONGs em caso de desvio de finalidade. 

A cláusula, presente há 15 anos, funcionava como salvaguarda patrimonial. No entanto, mesmo em meio a denúncias e alertas técnicos para riscos à moralidade e à eficiência, o Executivo optou por flexibilizar os controles em vez de fortalecê-los.

O padrão é coerente com a velha estratégia do PT de governar como se a vitória nas urnas lhe concedesse não só o comando do Executivo, mas a posse do Estado. “Seja ao distribuir cargos em estatais, seja ao criar ‘comitês culturais’ sob direção de militantes petistas, seja ao financiar ONGs ‘companheiras’, o objetivo é sempre o mesmo: aparelhar estruturas públicas para consolidar poder”, afirma o Estadão.

Lula não faz nem questão de esconder a intenção. Em evento no ano passado, ele afirmou que os comitês de cultura servem para “enraizar aquilo que a gente acredita”. Seminários da Unisol, bancados com R$ 400 mil da União, promovem a tese de que o impeachment de Dilma Rousseff foi um “golpe”. 

Outra verba, de R$ 200 mil, enviada por emenda do deputado Nilto Tatto (PT), financiou uma “feira de esquerda, pela esquerda, para a esquerda”. Trata-se da velha visão instrumental que o partido tem do poder, “que rompe princípios republicanos e impõe uma hegemonia travestida de justiça social”, conclui o editorial.


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