O fotógrafo Alex Silva, de 63 anos, foi desligado do jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) na quarta-feira 6, dias depois de registrar o momento em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes fez um gesto obsceno a torcedores durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras, pela Copa do Brasil.
A partida foi realizada em 30 de julho, na NeoQuímica Arena, em São Paulo. O gesto, feito em resposta a provocações de corintianos, foi captado por Alex Silva durante o aquecimento dos jogadores.
A imagem circulou amplamente nas redes sociais e gerou críticas à postura do ministro em um evento público. Moraes fazia sua primeira aparição desde que foi alvo de sanções impostas pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky.
Estadão diz que demissão de fotógrafo que flagrou gesto obsceno de Moraes já estava prevista


O Estadão afirma que a demissão de Silva já estava prevista, como parte de um processo de reestruturação do setor de Fotografia. Em nota ao Metrópoles, o jornal alegou “critérios exclusivamente administrativos” para a dispensa.
Silva, no entanto, afirmou ao portal que não recebeu uma justificativa clara sobre seu desempenho profissional. Segundo ele, a repercussão da imagem e a falta de destaque à foto dentro do jornal podem ter influenciado sua saída. “Acho que o jornal escondeu a foto”, disse. “Reclamei disso com eles. Deram pouco espaço na home e não colocaram na capa”.
Em resposta, o Estadão negou qualquer relação entre a demissão e a foto de Moraes. Afirmou que a imagem foi considerada de “relevante valor jornalístico” e publicada como principal destaque na home ainda na noite do jogo. O jornal também informou que a fotografia foi distribuída por meio da plataforma Estadão Conteúdo e que apurou o contexto do flagrante em reportagem própria.
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Alex Silva trabalhou por 23 anos no Estadão, com foco na cobertura esportiva. Segundo ele, cerca de 70 fotógrafos estavam credenciados para a partida, mas apenas sua imagem captou o momento exato do gesto. “Foram três fotogramas. Quando vi, saí correndo para transmitir para a redação”, relatou.
Na nota enviada ao Metrópoles, o Estadão também disse que “reitera seu compromisso com a liberdade de expressão e a independência editorial”.
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