O Departamento de Defesa dos Estados Unidos divulgou, nesta quinta-feira, 26, um vídeo que mostra em detalhes o funcionamento das bombas destruidoras de bunkers, usadas pela primeira vez nos ataques a instalações nucleares do Irã, realizados na última sexta-feira, 20. A ação intensificou as tensões entre os dois países e abriu uma disputa de narrativas sobre o real impacto causado na infraestrutura iraniana.
As imagens, registradas durante testes, mostram a bomba Massive Ordnance Penetrator (MOP), da série GBU-57, atingindo alvos fortificados e provocando uma bola de fogo. “Nenhum outro país no mundo possui o armamento ou as capacidades que os Estados Unidos têm”, afirmou o Departamento ao divulgar o vídeo nas redes sociais.
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Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira, o chefe do Estado-Maior Conjunto, tenente-general Dan Caine, explicou que a MOP, com quase 14 toneladas, é diferente das bombas convencionais.
NO OTHER COUNTRY IN THE WORLD HAS THE WEAPONRY OR THE CAPABILITIES THAT THE UNITED STATES HAS. pic.twitter.com/7lqcsUFe3a
— DOD Rapid Response (@DODResponse) June 26, 2025
Ela penetra profundamente no solo antes de explodir, ou seja, não gera cratera de impacto na superfície. Segundo ele, todas as seis bombas lançadas contra os sistemas de ventilação da usina de Fordow — instalação de enriquecimento de urânio iraniana — “foram exatamente para onde deveriam ir”.
Outro trecho do vídeo mostra, em câmera lenta, o armamento perfurando a estrutura antes de detonar. “Uma bomba tem três efeitos que causam danos: explosão, fragmentação e sobrepressão”, explicou Caine. “Neste caso, os principais mecanismos de destruição no espaço da missão foram uma mistura de sobrepressão e explosão.”
Ofensiva no Irã foi desafio para pilotos experientes dos EUA
A missão inédita foi um desafio até para os mais experientes pilotos da Força Aérea dos EUA. Antes do ataque, os tripulantes passaram por intensas sessões de simulação de voo no B-2, bombardeiro furtivo que custou US$ 2,2 bilhões por unidade e é capaz de lançar armamentos nucleares.


Nos treinamentos, realizados dias ou semanas antes da ofensiva, os pilotos provavelmente simulavam ataques a alvos fortificados enterrados em montanhas, em condições muito semelhantes às da missão real.
Na operação contra Fordow, realizada nas primeiras horas do último domingo, 22, os B-2 decolaram da Base Aérea de Whiteman, no Estado norte-americano do Missouri. Cada aeronave carregou duas GBU-57, equivalentes a 27 toneladas.
Ao abrir as portas dos compartimentos de bombas — ação que altera temporariamente o perfil furtivo do B-2 —, os pilotos correram o risco de exposição aos radares inimigos, segundo o tenente-general reformado Steven Basham. Os aviões provavelmente subiram rapidamente depois de liberarem a carga.
Gen. Dan “Razin” Caine demonstrates how GBU-57 MOPs work: “Unlike a normal surface bomb, you won’t see an impact crater because they’re designed to deeply bury and then function … All six weapons at each vent at Fordow went exactly where they were intended to go.” pic.twitter.com/iQs3oWcJ4X
— Rapid Response 47 (@RapidResponse47) June 26, 2025
Apesar do risco, o Irã não chegou a disparar contra os bombardeiros nem contra os caças de escolta F-35, segundo fontes do Pentágono. Cada aeronave foi operada por uma dupla de pilotos, que permaneceu alerta durante toda a missão de mais de 30 horas.
Os aviões contam com estrutura mínima para o conforto da tripulação, como espaço para um banheiro e um colchonete para descanso, além de aquecedores de comida. Ainda assim, muitos preferem refeições simples, como sanduíches, e mantêm a hidratação constante.
Bomba GBU-57 foi usada em combate pela 1ª vez
As GBU-57 usadas na ação pesam cerca de 13,6 mil kg cada — substancialmente mais pesadas do que as bombas de 900 kg guiadas por precisão que os B-2 lançaram em conflitos anteriores, como no Kosovo, Iraque, Afeganistão e Líbia. Esta foi a primeira vez que o armamento fura-bunker foi empregado em combate.


Segundo Basham, a missão foi semelhante às realizadas em guerras passadas, com a diferença de que, desta vez, os bombardeiros atingiram diretamente um dos pontos mais protegidos do programa nuclear iraniano.
Em entrevista à emissora Fox News, o vice-presidente JD Vance afirmou que o ataque teve também um efeito psicológico. “Nossa esperança é que a lição que os iranianos aprenderam aqui seja: vejam só, podemos lançar uma bomba destruidora de bunkers do Missouri até o Irã completamente sem ser detectada, sem pousar uma vez no solo, e podemos destruir qualquer capacidade nuclear que vocês construírem.”
Desde as primeiras missões com o B-2, durante a guerra do Kosovo em 1999, a Força Aérea dos EUA tem aperfeiçoado a preparação física e psicológica dos pilotos para voos longos. Hoje, fisiologistas da Base de Whiteman ajudam os tripulantes a ajustar o ciclo de sono e preparar o corpo para missões com a aeronave.