Os Estados Unidos e a China iniciaram nesta segunda-feira (14) a cobrança de novas taxas portuárias sobre embarcações ligadas um ao outro, ampliando o conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo para o setor marítimo.
As medidas surgem após novas restrições chinesas à exportação de terras raras e ameaças do presidente Donald Trump de elevar tarifas sobre produtos chineses. Apesar da escalada nas tensões, ambos os governos afirmaram que as negociações seguem abertas, em uma tentativa de conter a reação negativa dos mercados.
Taxas e retaliações
O governo chinês informou que as taxas adicionais serão aplicadas a navios de propriedade, operação, construção ou bandeira norte-americana, mas haverá isenção para embarcações construídas na China ou que cheguem vazias para reparos. As cobranças seguirão um ciclo anual e deverão ser recolhidas no primeiro porto de entrada ou nas primeiras cinco viagens do ano.
Em resposta, os Estados Unidos adotaram medidas equivalentes sobre embarcações chinesas, com o objetivo declarado de reduzir a influência de Pequim no setor marítimo e fortalecer a indústria naval americana.
Sanções e impactos
Além das tarifas, Pequim sancionou cinco subsidiárias da empresa sul-coreana Hanwha Ocean, acusando-as de colaborar com uma investigação norte-americana sobre práticas comerciais chinesas. As ações da Hanwha caíram quase 6% após o anúncio.
A China também abriu uma investigação para avaliar os impactos das medidas dos EUA sobre seu setor naval. Especialistas alertam que a escalada pode distorcer o comércio global e aumentar os custos de transporte marítimo, embora empresas do setor afirmem já estar se adaptando ao cenário de tensão prolongada.
Isenções e reações do mercado
Apesar da retaliação, Washington concedeu isenções temporárias a navios chineses que transportam etano e gás liquefeito, válidas até dezembro deste ano. Ainda assim, estima-se que 11% da frota mundial de navios de gás e 15% dos petroleiros serão afetados pelas novas tarifas.
O episódio evidencia o uso crescente do transporte marítimo como instrumento geopolítico, à medida que Estados Unidos e China utilizam políticas comerciais e ambientais como ferramentas de pressão econômica.
Mesmo com o aumento das tensões, as ações da gigante chinesa COSCO subiram mais de 2%, após a empresa anunciar um programa de recompra de ações para proteger investidores e demonstrar confiança no setor.