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Ex-dirigentes do Corinthians viram réus no caso Vai de Bet

A Justiça de São Paulo recebeu nesta terça-feira, 22, a denúncia do Ministério Público (MP-SP) contra Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians, os ex-dirigentes Marcelo Mariano e Sérgio Moura, e o empresário Alex Cassundé. Eles respondem por suspeitas de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto, relacionadas a irregularidades no contrato de patrocínio com a casa de apostas Vai de Bet, firmado no começo de 2024.

O MP solicita uma indenização de R$ 40 milhões ao Corinthians, quantia referente à comissão de R$ 1,4 milhão paga à Rede Social Media Design e à multa de R$ 38.892.857,14 pelo rompimento do acordo com a antiga patrocinadora Pixbet. O bloqueio de bens dos envolvidos, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, foi requerido à Justiça.

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Além de Melo, Mariano, Moura e Cassundé, também foram denunciados por lavagem de dinheiro os empresários Victor Henrique de Shimada e Ulisses de Souza Jorge. O ex-diretor jurídico Yun Ki Lee, apesar de indiciado pela polícia, ficou de fora da denúncia apresentada pelo MP-SP. Segundo os promotores, ainda há dúvidas quanto à intenção dele ou descuido na função.

“Está muito claro os caminhos tortuosos e ilegais que o dinheiro percorreu a partir do momento em que saiu dos cofres corintianos”, disse a promotoria do MP-SP. O órgão aponta que mais de R$ 1 milhão circulou por empresas fantasmas, supostamente criadas para facilitar a lavagem de dinheiro e ocultar movimentações ilícitas.

Em nota oficial, Augusto Melo afirmou que todas as acusações contra ele são falsas. “Ele é vítima de um processo ilegal e repleto de nulidades e abusos, como o acesso a dados do Coaf sem autorização judicial e a participação da Polícia Civil e do MP de São Paulo em um caso de competência da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal), uma vez que envolve um contrato internacional.”

O comunicado classifica o processo como “kafkiano e ilegal”. Melo acrescentou que já pediu a suspensão do sigilo para que os documentos possam ser acessados pela torcida.

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Jogadores do Corinthians reunidos no campo da Neo Química Arena, depois da derrota para o Red Bull Bragantino — São Paulo, 13/7/2025 | Foto: Divulgação/Sport Club Corinthians Paulista/Via Facebook

Já a defesa de Sérgio Moura, ex-dirigente do Corinthians, afirma ver “com tranquilidade o recebimento da denúncia e segue confiando que a Justiça oportunamente reconhecerá sua inocência, dado que o inquérito policial evidenciou a inexistência de qualquer ação delitiva de sua parte, e a denúncia não conseguiu comprovar minimamente a participação do Sérgio em nenhum crime”.

O advogado Átila Machado, responsável pela defesa de Marcelo Mariano, afirmou ao site Globo Esporte que a denúncia, “além de ser prolixa e confusa, não corresponde com a verdade dos fatos”. Segundo ele, Mariano não obteve vantagem financeira, e a defesa pedirá a rejeição da acusação.

As investigações começaram há cerca de um ano, conduzidas pela Polícia Civil de São Paulo. Os investigadores apontam que parte da comissão do contrato de patrocínio foi repassada à UJ Football Talent Intermediação Ltda, empresa suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme delação de Vinicius Gritzbach ao Ministério Público. Gritzbach foi assassinado em 8 de novembro de 2024, no Aeroporto de Guarulhos.

O relatório policial concluiu que houve desvio de recursos do clube, envolvendo um esquema de intermediação fraudulenta. A participação de Cassundé teria ocorrido, segundo a polícia, por meio de uma ação coordenada de Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura, que afastaram outros envolvidos no negócio.

O acordo entre Corinthians e Vai de Bet, atualmente rescindido, previa valor total de R$ 360 milhões. Desse valor, R$ 25 milhões (7%) seriam destinados à empresa intermediária Rede Social Media Design Ltda, de Alex Cassundé, que integrou a equipe de comunicação de Melo durante as eleições de 2023.

Esquema no Corinthians envolve associação criminosa

Segundo a apuração, os dirigentes idealizaram um “negócio jurídico simulado” para desviar dinheiro. O furto teve agravante por abuso de confiança, pois os suspeitos teriam aproveitado o cargo para cometer o crime, aumentando a pena, que varia de 2 a 8 anos, além de multa.

Os investigadores também concluíram que houve associação criminosa, com planejamento de 36 parcelas de R$ 700 mil, o que caracteriza intenção de fraudar o clube. Para esse crime, a pena prevista é de 1 a 3 anos de reclusão.

Para dificultar o rastreamento, os envolvidos usaram empresas de fachada e dividiram os valores, configurando lavagem de dinheiro, com penas de 3 a 10 anos. Todos teriam consciência da movimentação irregular e da inexistência de um intermediário legítimo no processo.

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