Acusado de assassinar o próprio sobrinho a tiros, o ex-vereador José Odílio dos Santos (MDB), de Reserva , nos Campos Gerais do Paraná, permanece foragido da polícia um ano após o crime.
De acordo com a Polícia Civil (PC-PR), Diorgenes Fernando Ferraz Lemes, de 24 anos, foi morto em 5 de julho de 2024 durante o velório de um familiar de ambos, após cobrar uma dívida que o tio tinha com ele.
Cerca de duas semanas após o crime, o político chegou a dar um depoimento virtual à polícia, dizendo que não ia se entregar. O irmão dele, Valdereis Sebastião Fernandes dos Santos, se entregou à polícia em outubro. A investigação aponta que ele participou do homicídio, e ambos respondem na Justiça pelo assassinato.
Eles se tornaram réus em agosto de 2024 e, em maio de 2025, a Justiça decidiu que ambos vão a júri popular.
Ao g1, o delegado responsável pelo caso, Silas Belém de Castro, disse que a Polícia Civil fez diversas diligências, mas não conseguiu encontrar o ex-vereador.
O g1 também contatou três advogados que atuam na defesa dos irmãos e o partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Relembre o crime
O caso aconteceu por volta das 22h30 de 5 de julho de 2024, uma sexta-feira, durante um velório que estava sendo realizado em um sítio particular na zona rural de Reserva, na localidade de Erval de Cima.
Diorgenes Fernando Ferraz Lemes tinha 24 anos e era neto da irmã de Zé Odílio – ou seja, sobrinho do político em segundo grau. Segundo a polícia, o jovem chegou antes no local e discutiu por telefone com o tio, que, na época, era vereador de Reserva.
“A motivação do crime seria uma transação financeira entre eles, causada pela venda de um trator que a vítima estava cobrando o autor. O autor não queria pagar a vítima. […] A vítima estava sentada na frente da casa [do sítio] quando os autores, que eram tios da vítima, chegaram e José Odílio, munido de uma arma de fogo, disparou três vezes em direção a vítima. Os disparos, em tese, pegaram na cabeça da vítima, e Zé Odílio e o irmão fugiram de carro”, contou o delegado, na época.
Cronologia do caso
- 5 de julho de 2024: Zé Odílio e Valdereis chegam ao velório de um familiar, atiram contra o sobrinho, e fogem na sequência;
- 6 de julho de 2024: Justiça expede mandado de prisão preventiva contra Zé Odílio e Valdereis;
- 23 de julho de 2024: Zé Odílio e Valdereis dão depoimento virtual à polícia e político afirma que não vai se entregar;
- 25 de julho de 2024: Polícia Civil finaliza investigações, indicia Zé Odílio e Valdereis e encaminha inquérito para avaliação do Ministério Público (MP);
- 13 de agosto de 2024: Zé Odílio pede licença da Câmara de Vereadores e solicitação é aprovada por unanimidade. Desde então, ele parou de ser remunerado pelo cargo;
- 16 de agosto de 2024: MP denuncia os irmãos e, no mesmo dia, a denúncia é aceita pela Justiça. Eles se tornam réus por homicídio triplamente qualificado (por motivo fútil, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e perigo comum, uma vez que o assassinato foi durante um velório do qual várias pessoas participavam), agravado por terem se prevalecido de hospitalidade;
- 9 de outubro de 2024: Valdereis se entrega à polícia e é preso. José Odílio continua foragido;
- 25 de outubro de 2024: Justiça converte prisão preventiva de Valdereis em prisão domiciliar;
- 25 de novembro de 2024: Zé Odílio pede renúncia do cargo de vereador, cujo mandato terminaria em dezembro;
- 3 de abril de 2025: Valdereis recebe liberdade provisória;
- 31 de maio de 2025: Justiça decide que José Odílio e Valdereis vão a júri popular, sem definir data.
Foragido era vereador desde 2013
Na época do crime, Zé Odílio ocupava o cargo de 1º secretário da Mesa Diretora de Reserva, cidade que possui 11 vereadores no total. O município tem cerca de 24,5 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O foragido estava na terceira gestão como vereador, e entre 2019 e 2020 chegou a presidir o Legislativo Municipal.
Fonte: g1