Exames de imagem e tomografia de controle 30 e 60 dias depois de traumas na cabeça podem identificar uma hemorragia intracraniana antes mesmo dos sintomas, como a dor que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sentiu na madrugada desta terça-feira, 9.
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O petista precisou se submeter a uma cirurgia de emergência para drenar o pequeno sangramento decorrente da queda que sofreu em casa, em 19 de outubro. O procedimento foi realizado pela equipe médica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Lula encontra-se estável, segue em observação em um leito de UTI, e não terá sequelas.
“Sequelas de acidentes domésticos incluem a possibilidade de hematomas subdurais crônicos, mesmo em acidentes que não envolvem perda de consciência”, alerta o neurocirurgião Paulo Porto, que em 30 anos de profissão já realizou mais de 10 mil procedimentos.
Segundo o médico, isso ocorre devido à ruptura de vênulas, que são pequenas veias entre a superfície do cérebro e a tábua óssea do crânio. Essas vênulas podem drenar sangue de forma muito lenta, levando ao acúmulo do liquido na cavidade intracraniana.
As consequências são o aumento da pressão, que leva a sintomas como dor de cabeça e fraqueza no lado do corpo contrário ao ferimento.
De acordo com Paulo Porto, exames feitos no momento ideal são capazes de identificar o problema da hemorragia antes mesmo de os sintomas aparecerem.
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Ao detectar qualquer sinal hemorrágico, o especialista pode introduzir medicamentos que têm a função de reabsorver a hemorragia. A cirurgia torna-se, nesses casos, desnecessária.
Casos como o de Lula podem necessitar de novas cirurgias
Em situações cujo tratamento exige uma intervenção cirúrgica, como a feita em Lula, há o risco de que elas se reformem. Isso significa que, posteriormente, pode haver a necessidade de nova cirurgia.
“Embora eu não tenha acesso ao prontuário do presidente, minha experiência mostra que, em casos de hematoma subdural, é comum haver, como sequela, um ponto ativo de hemorragia, como uma espécie de gotejamento”, explicou o cirurgião. “São pequenas gotas por dia, que se acumulam ao longo de semanas ou meses”.
Apesar do risco iminente de novas cirurgias, mas não é comum haver outras sequelas. O que muda, na realidade, é o próximo tipo de abordagem cirúrgica.
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“Esta última operação em Lula foi mais simples: por meio de um furo de 3 a 4 milímetros, a chamada trepanação, o médico abre a meninge, introduz o cateter, injeta o soro e, sob a pressão desse líquido, o sangue crônico é expulso”, detalhou Porto.
Contudo, havendo um novo sangramento, o que é comum em traumas como esse, o cirurgião precisa mudar o método.
“A craniotomia seria o próximo passo, que é uma janela osso do crânio para ter uma área de exposição maior e tentar resolver o problema definitivamente”.
Paulo Porto disse ainda que esse tipo de acidente doméstico é mais comum entre idosos e pessoas com transtorno relacionado ao uso de álcool. O médico avisa que, se escorregar e vier a cair, o paciente precisa ter o ato reflexo de proteger a cabeça, sempre que puder.
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