
As exportações brasileiras de produtos madeireiros para os Estados Unidos sofreram uma queda média de 55% nos primeiros três meses de vigência da tarifa de 50% aplicada pelo governo norte-americano. Os dados constam de uma análise da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) com base nos números da Secex/MDIC, divulgados em 6 de novembro.
De agosto a outubro, praticamente todos os segmentos foram afetados, incluindo molduras, compensados, madeira serrada, portas e pisos, produtos para os quais o mercado norte-americano é o principal destino. Segundo a Abimci, o impacto da taxação desencadeou uma reação em cadeia dentro das empresas brasileiras.
Com a perda abrupta do mercado comprador, indústrias passaram a operar abaixo da capacidade instalada, o que levou à adoção de férias coletivas, redução temporária de jornada (layoff) e, em vários casos, demissões. O setor acumula quatro meses consecutivos de retração, tendência que começou em julho, logo após o anúncio da tarifa, e se intensificou ao longo do segundo semestre.
O superintendente da Abimci, Paulo Pupo, alerta que o cenário pode se agravar caso não haja avanço nas negociações entre os governos brasileiro e norte-americano.
“A única solução passa por tratativas efetivas que permitam a readequação das tarifas e a normalização do comércio. Até agora, no entanto, o que se vê é ausência de ações práticas e agendas eficientes”, afirmou.
Além da queda nas vendas, Pupo destaca outro risco: a perda de espaço no mercado dos Estados Unidos.
“Sem sinais de progresso, cresce a chance de substituição dos produtos brasileiros por fornecedores de países com taxas mais baixas. Como hoje temos a maior tarifa nominal do mundo, estamos extremamente expostos. Isso compromete um relacionamento comercial construído ao longo de décadas”, completou.
A Abimci reforça a necessidade de urgência nas negociações bilaterais para evitar perdas ainda maiores e preservar empresas e empregos ligados à cadeia da madeira processada.


