Marisa Lobo – 06/01/2025 10h48
A crescente disponibilidade de conteúdo sexual explícito na televisão, mesmo em horários considerados familiares, representa uma séria ameaça ao desenvolvimento saudável das crianças. A banalização da sexualidade, frequentemente disfarçada em programas classificados como “livres”, expõe os jovens a imagens e temas que ultrapassam sua capacidade de compreensão e processamento emocional, com consequências potencialmente devastadoras a longo prazo.
O que aconteceu no especial de Ano Novo da Globo, com a cantora Anitta expondo um erotismo pornográfico vulgar, nos coloca em alerta e quero, como psicóloga, expor algumas considerações para proteger a criança e o adolescente, já que a proteção formal à criança parece estar aparelhada com o mesmo erotismo.
O impacto devastador no desenvolvimento infantil
A mente infantil, em formação constante, é altamente suscetível à influência externa. A exposição precoce à pornografia não apenas distorce a percepção de sexualidade e relacionamentos, como também pode acarretar em uma série de problemas:
– Distorção da sexualidade: a pornografia apresenta uma visão irrealista e, muitas vezes, violenta e degradante da sexualidade, contribuindo para a formação de expectativas e comportamentos sexuais inadequados. Crianças podem internalizar padrões de relacionamento abusivos, confundindo sexo com violência ou poder.
– Comportamentos erotizados/pornográficos são inadequados: a exposição repetida a conteúdo sexual explícito pode levar à imitação de comportamentos sexualizados precoces e inadequados para a idade, colocando as crianças em situação de vulnerabilidade e risco.
– Ansiedade e transtornos emocionais: a complexidade dos temas abordados na pornografia pode gerar confusão, medo, ansiedade e vergonha nas crianças, impactando diretamente sua saúde mental e emocional. A dificuldade em processar informações sexualmente explícitas pode levar a traumas psicológicos significativos.
– Normalização da exploração e abuso sexual: a exposição contínua a conteúdo sexual explícito, especialmente se for violento ou degradante, pode normalizar atitudes abusivas e a exploração sexual, diminuindo a capacidade das crianças de identificar e denunciar situações de risco.
A responsabilidade compartilhada
Combater esse problema exige uma ação conjunta de diversos atores:
– Regulamentação e classificação indicativa: é crucial que as emissoras de televisão e plataformas de streaming adotem políticas rigorosas de classificação indicativa, garantindo que o conteúdo sexual explícito seja restrito a horários e plataformas adequados e de acesso controlado. A fiscalização dessas práticas também é fundamental.
– Educação parental: pais e responsáveis precisam desempenhar um papel ativo na supervisão da programação assistida pelas crianças, promovendo um diálogo aberto sobre sexualidade e os perigos da exposição precoce à pornografia. Educação sexual precoce e apropriada é fundamental.
– Educação nas escolas: as escolas têm um papel fundamental na educação sexual das crianças, fornecendo informações precisas e adequadas à idade, preparando-as para lidar com situações de risco e promovendo o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis.
Conclusão: Um compromisso coletivo pela proteção infantil
A proteção das crianças contra os impactos negativos da exposição precoce à pornografia é uma responsabilidade coletiva. Somente através da combinação de regulamentação eficaz, educação parental consciente e programas educativos nas escolas poderemos garantir um ambiente seguro para o desenvolvimento saudável das futuras gerações.
A negligência nessa área tem consequências de longo alcance, comprometendo a saúde mental, emocional e o bem-estar das crianças, impactando toda a sociedade, as TVS deveriam ter um mínimo de cuidado com esses conteúdos, que não atraem famílias apenas a perversidade humana, erotizando os mais inocentes. Fica a dica.
Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior. |
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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