A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram, nesta quinta-feira, 17, a quinta fase da Operação Overclean, com o cumprimento de mandados em três Estados. A ação teve como foco crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e desvios de verbas públicas de emendas parlamentares.
No total, foram executados 18 mandados de busca e apreensão, além do afastamento cautelar de um servidor público, em cidades da Bahia, Pernambuco e no Distrito Federal. O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, determinou o bloqueio de R$ 85,7 milhões dos envolvidos.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
Entre os investigados estão familiares do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), que faz parte da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Os desvios teriam origem em emendas destinadas por ele para Campo Formoso, na Bahia, onde seu irmão, Elmo Nascimento (União-BA), exerce o cargo de prefeito.


Também são alvos dos mandados o primo do deputado, o vereador Francisco Manoel Nascimento Neto (União-BA), e o ex-assessor Amaury Albuquerque Nascimento. Procurados, o gabinete do deputado e a prefeitura ainda não se manifestaram, segundo o UOL.
De acordo com a Polícia Federal, o grupo investigado manipulava licitações e desviava recursos de emendas parlamentares direcionadas a Campo Formoso mediante pagamento de propina. As investigações apontam ainda tentativas de dificultar o andamento do inquérito.
As acusações abrangem organização criminosa, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, contratos administrativos e obstrução de investigação. O caso segue desdobramentos de etapas anteriores da mesma operação.
🚨 CGU, @ReceitaFederal e @policiafederal deflagram 5ª fase da Operação Overclean contra organização criminosa na Bahia. R$ 85,7 mi foram bloqueados por ordem do STF. Ação ocorreu em 6 cidades, com 18 mandados e afastamento de servidor.
📲 Saiba mais em https://t.co/JVH2DfCwGc! pic.twitter.com/pzcUiScwVS
— Controladoria-Geral da União (CGU) (@CGUonline) July 17, 2025
PF atingiu outros alvos em Campo Formoso
Marcelo Andrade Moreira, ex-presidente da Codevasf, também figura entre os investigados. Apesar de ordem judicial para afastamento, Moreira já havia sido exonerado em junho, acusado de tentar atrapalhar a apuração. As suspeitas apontam que as verbas parlamentares teriam chegado a Campo Formoso por meio da Codevasf.
Durante o cumprimento das diligências em Salvador, José Moreira Pinto Netto, pai de Marcelo Moreira, foi preso depois que a PF localizou uma arma de fogo; ele não era alvo inicial da operação. Proprietário da Caaba Engenharia, Netto tem relação próxima com Elmar Nascimento.
Segundo mensagens interceptadas, a nomeação de Marcelo Moreira à presidência da Codevasf foi articulada pela família Nascimento. “Marcelo Moreira era ‘indicação nossa’”, afirmou o vereador Francisco Nascimento em diálogo captado pela PF, conforme o UOL.


Outros investigados nesta etapa incluem Márcio Freitas dos Santos, pregoeiro da prefeitura de Campo Formoso, além dos empresários do setor de construção civil Evandro Baldino do Nascimento e Domingos Sávio Lima Nascimento.
Fases anteriores da Operação Overclean
Na quarta fase, realizada em junho, os prefeitos de Ibipitanga e Boquira, ambos na Bahia, foram afastados dos cargos por suspeita de envolvimento nos desvios. Um assessor do deputado federal Félix Mendonça (PDT-BA) também foi alvo.
O parlamentar informou, por nota, que o funcionário era responsável pela coordenação da equipe desde o início do mandato e pessoa de sua “extrema confiança”.
As gavetas de dinheiro da Overclean, da 4ª fase. pic.twitter.com/QQqXyAf86i
— Victor Pinto (@victordojornal) June 27, 2025
Já a terceira etapa, em abril, teve como foco o empresário Marcos Moura, chamado de “Rei do Lixo”, apontado como líder de um esquema de fraudes licitatórias e corrupção que teria desviado aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Moura já havia sido preso na primeira fase da operação.
O inquérito revela que a quadrilha direcionava verbas públicas oriundas de emendas e convênios a empresas e pessoas ligadas a administrações municipais, utilizando práticas como superfaturamento de obras e desvios financeiros. O esquema afetou especialmente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, em sua Coordenadoria Estadual da Bahia, além de outras repartições públicas.