Depois de interpretar Daniel Cravinhos na série Tremembé, Felipe Simas volta a viver um personagem real na ficção. No filme Asa Branca – A Voz da Arena, que estreia em 18 de dezembro nos cinemas, o ator dá vida a Waldemar Ruy dos Santos, o Asa Branca, ex-peão que se tornou o locutor de rodeios mais famoso do país nos anos 1990. Asa revolucionou o formato dos rodeios, transformando as montarias em espetáculo e criando um estilo próprio de narração. Fora da arena, protagonizou uma vida intensa marcada por glamour, excessos e dificuldades.
Em entrevista ao Canal Rural, Simas contou que inicialmente interpretaria outro personagem, mas, após testes, os produtores do filme decidiram que ele faria o papel.
“Não era para ser eu o Asa Branca, era para ser um dos outros personagens do filme. Mas quando eu comecei a ler a sinopse, fiquei encantado. Falei: Esse personagem é maravilhoso. Quando me disseram que tinham decidido que eu seria o Asa, eu pirei”.
Nascido no Rio de Janeiro, Simas disse que o clima rural das gravações o fez revisitar lembranças de infância na serra fluminense.
“Nas férias, a gente passava dois meses na casa da minha bisavó em Petrópolis, sempre descalço, na lama, pulando rio, andando a cavalo. O mais próximo que tenho do sertanejo é o cavalo, tenho até cicatrizes de quedas. Esse universo me trouxe de volta meu lado criança, o lado sem julgamento.”
Intensidade
O ator destaca que, apesar das diferenças físicas e comportamentais, encontrou semelhanças na energia e na presença de Asa Branca:
“A fisicalidade dele me impressionou. Quando ele pegava o microfone, a arena era dele. Ele dominava o espaço pela voz e pelo corpo. Isso a capoeira me deu também: uma malemolência, uma ginga que levo para todos os meus trabalhos.”
Para Simas, o maior desafio foi lidar com a intensidade de Asa Branca. “Ele era uma energia ambulante. Essa ausência de autojulgamento me encanta, porque o Felipe é o oposto, se cobra muito. Criar essa liberdade em pouco tempo foi a parte mais difícil, mas a preparação da Fernanda Rocha ajudou muito.”
Banca de jornal
A ideia do filme surgiu quando o diretor Guga Sanders viu em uma banca de jornal uma revista com Asa Branca na capa. “Falava de um cara que já foi milionário, tinha avião, e depois não tinha onde cair morto. Achei interessante. Comprei a revista, li, e fui atrás da história”, relembra.
Guga chegou a conversar com Asa Branca sobre o projeto antes dele morrer em 2020. “Ele adorou a ideia. Queria muito que esse filme acontecesse.”


Antes de fazer o filme, Guga nunca havia ido a um rodeio, o diretor conta que se surpreendeu com os bastidores e com os cuidados necessários com os touros durante as gravações. “O mais desafiador era filmar cenas com atores e touros juntos. Um touro tem uma tonelada. Nos anos 1990, os peões usavam só chapéu, sem capacete. Tivemos que encontrar profissionais que topassem montar assim. E só podíamos fazer um take por touro, para não exigir demais dos animais. Os touros são caríssimos e precisam ser preservados.”
Emoção no set


Guga ainda contou para o Canal Rural que Sandra, viúva de Asa Branca, acompanhou algumas gravações no set de filmagem e se emocionou.
“Ela chorou muito. Acho que ver aquilo se realizando, algo que o Asa queria tanto, tocou profundamente. No cinema, vai se emocionar ainda mais”
Para além dos rodeios
Gravado em 20 dias, com locações principalmente em Fernandópolis (SP), o filme recria o ambiente dos rodeios dos anos 1990. Mas, segundo Guga, a história vai além desse universo.
“Vai ter quem conheceu o Asa de perto e sinta falta de partes que não cabem em um filme. Mas a mensagem é muito forte: resiliência, recomeço, amor, perdão e autoconhecimento. Ele saiu pequeno, virou gigante, se perdeu, precisou ir ao fundo do poço para reencontrar seus valores. Essa mensagem é universal.”


