“O camisa 10 centralizado, o cérebro, acaba sendo menos produzido. Priorizam muito a parte física”. Essa declaração é de ninguém mais, ninguém menos do que Zinho, tetracampeão do mundo em 1994 e comentarista da ESPN. A fala do ex-meia reflete muito bem o dilema que vivem Flamengo e Internacional, adversários pela CONMEBOL Libertadores, nesta quarta-feira (13), às 21h30 (de Brasília), com transmissão do Disney+.
De um lado, Arrascaeta, suspenso na partida de ida, é peça fundamental de Filipe Luís. Do outro, Alan Patrick é importantíssimo para o time de Roger Machado. Dois meias, que têm como característica a criação, a organização e o futebol mais clássico, estilos que se contrapõem ao futebol praticado atualmente, conhecido pela intensidade e marcação até mesmo daqueles que têm como obrigação organizar e construir jogadas ofensivas de duas equipes.
”Eles são os jogadores que hoje a gente vê bem menos. Camisa 10 clássico, que faz gol, que dá o passe decisivo, que encontra uma solução no meio de tanta marcação, que ainda é aquele cara diferente. Eles são remanescentes, sim. São figuras e jogadores que simbolizam muito isso. O time que tem esse camisa 10 sempre está brigando por algo maior na competição”, opinou Zinho.
Mas, afinal, o que mudou para o Brasil parar de produzir essa função como produzia antigamente? Para Zinho, o esquema tático utilizado pelos treinadores nos dias de hoje não permite que o camisa 10 exerça o ”clássico papel’, o que deixa o futebol ainda mais rápido.
”Não é só uma questão do futebol brasileiro; a gente ainda encontra alguns camisas 10 que fazem essa função. Acho que se tornam quase que um segundo atacante. Mas, hoje, um sistema tático com dois meias abertos pelo lado — às vezes que são pontas, de 1 contra 1 — mas, muitas vezes, são meias que fazem essa função pelo lado do campo, com o comprometimento de voltar e marcar. Isso tem atrapalhado bastante o ‘cérebro’ do time, o camisa 10, o cara que arma o jogo”, afirmou.
“Acredito que, como houve essa mudança tática no futebol mundial — de ter os pontas, o meia jogando pelo lado do campo — a categoria de base e a formação dos jogadores acabam utilizando também esse sistema de jogo. Então, o camisa 10 centralizado, o cérebro, acaba sendo menos produzido. A maioria dos jogadores na base é utilizada pelo lado do campo. Priorizaram muito essa parte física, a parte da velocidade. O futebol ficou mais veloz, muito em transição ofensiva. Então, os treinamentos, a preparação dos jogadores mais jovens, são com essas valências. Aquele cara que cadencia o jogo, que dita o ritmo do jogo, a gente acaba encontrando menos”, declarou.
Para o duelo desta quarta, porém, pela Libertadores, Filipe Luís terá que encontrar uma outra solução, uma vez que Arrascaeta está suspenso pelo terceiro cartão amarelo. A tendência é que Plata, atacante de origem, mas que costuma atuar centralizando, faça a função. Carrascal, contratado do Dínamo de Moscou por 12 milhões de euros (R$ 77 milhões), deve estar na relação contra o Inter e surge com enorme expectativa para revezar com Arrascaeta na meia, posição até então carente no elenco.
Na visão de Zinho, as duas equipes dependem bastante dos camisas 10. Mas, como equipe, os cariocas estão à frente.
”Nesse momento, o Arrascaeta vive uma sequência melhor. Mas já teve momentos, em outros campeonatos, que o Alan Patrick foi o melhor meia do Brasileirão. Ano passado mesmo, eu falava que ele merecia uma chance na seleção brasileira. É muito do momento. Acho que o momento do Flamengo é melhor do que o do Inter”, concluiu.
Onde assistir a Flamengo x Internacional?
Flamengo x Internacional nesta quarta-feira pelas oitavas de final da CONMEBOL Libertadores terá transmissão ao vivo do Disney+.