As semifinais da CONMEBOL Libertadores começarão a ser disputadas nesta semana, e dois brasileiros seguem em busca do título: Flamengo e Palmeiras. A equipe carioca vai encarar o Racing; os paulistas, a LDU. Se ambos passaram, repetirão a final de 2021, vencida pelo Alviverde.
Das últimas seis edições do torneio continental, Flamengo e Palmeiras conquistaram, juntos, quatro – duas para cada. O Rubro-Negro levou o troféu em 2019 e 2022; o Verdão, em 2020 e 2021. Tanto domínio faz alguns torcedores brincarem com uma comparação: os dois times são como Real Madrid e Barcelona das Américas. Mas será que os adversários enxergam assim?
A ESPN procurou dirigentes de clubes de outros países da América do Sul para abordar o assunto. Os ouvidos pela reportagem foram unânimes em afirmar: Flamengo e Palmeiras são times de excelência e exercem, realmente, um domínio.
Leia, abaixo, as declarações:
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Isaac Álvarez, presidente da LDU, do Equador
A hierarquia que tem o Flamengo, o clube com a maior torcida do mundo, a hierarquia do Palmeiras, entre outros tantos clubes importantes no Brasil, óbvio que gera uma admiração. São referências para os clubes da América do Sul, particularmente para o Equador e a LDU. Sempre temos respeito. Dividimos a fase de grupos com o Flamengo. Várias vezes enfrentamos equipes brasileiras. Falando sobre Palmeiras e Flamengo, são equipes que imprimem essa presença, história, quantidade de títulos que conseguiram tanto no Brasileirão quanto nas copas continentais. Agora também disputaram o Mundial. Tudo isso fala o que esses dois clubes brasileiros representam.
São grandes equipes. Se quiser fazer uma comparação, óbvio que são dois clubes grandes do Brasil, talvez igual aos dois clubes grandes da Espanha (Real Madrid e Barcelona). Respeito e posso compartilhar desse conceito.
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Nicolás Russo, presidente do Lanús, da Argentina
Evidentemente, são equipes poderosas, tanto o Palmeiras como o Flamengo. Mas não são invencíveis. O Flamengo, contra o Estudiantes, estava a ponto de ser derrotado. O futebol é muito equilibrado, muito tático. Você pode ter os melhores jogadores, mas se o outro time está iluminado, joga direito e é um bom time, pode ganhar. Mas claro que são dois times (Palmeiras e Flamengo) de muita hierarquia.
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Rodrigo Nogues, presidente do Olimpia, do Paraguai
Hoje em dia Flamengo e Palmeiras são, sem nenhuma dúvida, os clubes mais poderosos do continente (junto com o River Plate). São modelos de gestão que inspiram outros clubes do continente. Têm os melhores jogadores, são quase uma seleção continental, e isso faz com que possam competir de igual para igual até com gigantes europeus, como vimos no Mundial de Clubes. Souberam capitalizar muito bem seu poder econômico, fortalecendo o lado esportivo. Isso os posiciona claramente como favoritos nas competições da Conmebol.
Na Colômbia, vemos esses times como clubes de um nível muito superior aos da América do Sul, até mesmo um passo acima dos argentinos. O futebol brasileiro, por seu formato e pelos salários, se tornou bastante competitivo. O futebol que apresentam, as figuras que têm, realmente os tornam comparáveis aos grandes da Espanha e da Europa.
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Andrés Fassi, presidente do Talleres, da Argentina
Palmeiras e Flamengo são duas grandes instituições no futebol do Brasil, no futebol de toda a América. Elas marcaram uma etapa de supremacia no institucional, na gestão, na direção e, claro, no futebol. Eu acho que são as duas melhores instituições dos últimos anos no futebol do Brasil. Sem dúvida, também há outros clubes históricos e importantes que hoje não passam por bons momentos esportivos nem de gestão. Mas Palmeiras e Flamengo decolaram na visão institucional do que é a sua realidade esportiva e estão se moldando, não somente nesta edição de 2025, mas também nos últimos anos nas competições internacionais. São duas grandes instituições que, definitivamente, já estão por cima das outras instituições esportivas no Brasil.
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Alejandro Balbi, ex-presidente do Nacional, do Uruguai
Palmeiras e Flamengo são historicamente grandes. Lembro do Palmeiras da década de 60, que já ganhava títulos. O Flamengo de Zico, da década de 80. Sempre foram grandes. O que acontece agora é a distância econômica, os patrocinadores do Brasil em comparação com o resto da América — sem falar no Uruguai, que é o menor país — são muito maiores.
A Argentina também tem seus problemas, mas River e Boca, por exemplo, são clubes muito grandes. Mas acho que hoje a distância aumentou porque, por exemplo, no Brasil é possível patrocinar a camisa com cassinos online. E no Uruguai isso não é permitido. Então, assim, fica muito difícil. Além da população, da quantidade de jogadores, enfim. Mas o Uruguai sempre esteve acostumado, tanto os clubes quanto a seleção, a jogar contra países muito maiores que nós. Mas se assustar, não, o Uruguai não se assusta com ninguém. Mas, sim, se formos pensar logicamente, sempre é mais provável que Flamengo ou Palmeiras tenham mais chances de decidir um torneio como a Libertadores do que outros times.
Dizer que Flamengo e Palmeiras são o Real Madrid ou o Barcelona… me parece que podem ser, mas a Europa é diferente. Na Europa há os times ingleses, os franceses, alguns italianos que também são muito grandes. Acho que aqui, sim, Flamengo e Palmeiras se distanciaram bastante do restante dos clubes. Inclusive, vi um dirigente do Inter falar há pouco tempo sobre a diferença que existe em termos de patrocínio entre os clubes cariocas e paulistas em relação aos gaúchos. Bom, nós (uruguaios) estamos também muito longe dos gaúchos, então é ainda pior para nós no que diz respeito à capacidade de competir. Por isso é muito difícil para os uruguaios conseguirem competir nesse nível. E tanto Flamengo quanto Palmeiras contratam jogadores diretamente da Europa, algo que aqui (no Uruguai) é impossível. Não tem como fazer isso.
Semifinais da Libertadores
O Flamengo vai enfrentar o Racing, da Argentina, pelo jogo de ida das semifinais da CONMEBOL Libertadores, na quarta-feira (22). O duelo será no Maracanã, no Rio de Janeiro, às 21h30 (de Brasília).
O Palmeiras terá pela frente a LDU. A primeira partida será em Quito, no Equador. O jogo acontecerá na quinta-feira (23), às 21h30 (de Brasília), e terá transmissão ao vivo do Disney+.
*Com colaboração de Daniel Bocatto, João Felippe França, Pedro Hernandes, Victor Padilha e Vinicius Ribeiro