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Fronteira do etanol é ampliada com novas usinas em quatro municípios do Sul

Santa Catarina e o Rio Grande do Sul produzem juntos cerca de 40 milhões de toneladas de grãos e cereais. Como alternativa de destinação à parte desse volume, estão em andamento quatro usinas de produção de etanol.

Em território catarinense, a planta será instalada no município de Campos Novos. Já do lado gaúcho, Passo Fundo e Cruz Alta devem abrigar os empreendimentos em breve, mas é em Santiago, oeste do estado, que o primeiro polo, da CB BioEnergia, será inaugurado, com término previsto para setembro deste ano.

Com isso, deve ser a primeira usina de trigo do país. O investimento no local é estimado em R$ 100 milhões e a expectativa é que produza cerca de 12 milhões de litros de etanol por ano, além de subprodutos como DDGS para alimentação animal e gás para bebidas.

“A ideia é processar toda a matéria-prima produzida aqui. Não será trazida de outros estados, regiões ou países. Jamais vamos utilizar o que é destinado a alimentação humana porque o trigo que é processado é aquele de baixa qualidade que muitas vezes é exportado para outros países como nutrição animal”, diz o diretor da companhia, Tiago Gorski Lacerda.

Usinas bilionárias

Já em Passo Fundo, norte do Rio Grande do Sul, a obra da usina foi lançada em abril. A planta tem investimento superior a R$ 1 bilhão e deve suprir 23% da demanda de biocombustíveis do estado. Além de etanol, será a primeira do Brasil a produzir glúten vital – proteína extraída da farinha de trigo para melhoria da qualidade da panificação – com capacidade para atender ao mercado nacional e ao Mercosul.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, reitera os planos de crescimento estadual por meio do agro. “A gente deseja fazer a partir dessa politica do pró-etanol e também de incentivos ao biodiesel com que o estado possa crescer muito nessa produção dos biocombustíveis e, assim, gerar mais renda a partir do nosso agronegócio porque estamos falando também da nossa produção primária do milho, do trigo, da soja e de outros.”

Já no noroeste gaúcho, Cruz Alta deve ganhar uma indústria com capacidade de processamento de um milhão de toneladas de soja por ano, com início de operação previsto para 2027. Além de óleo de cozinha, a indústria também vai processar biodiesel, farelo, glicerina e casca de soja.

Produção em Santa Catarina

Em Santa Catarina, Campos Novos é a região que mais produz grãos no estado e também tem uma indústria de biocombustível já em construção. A matéria-prima principal será o milho, mas também poderá processar trigo. A capacidade de produção é de 3,7 milhões de litros de etanol hidratado e 32 milhões de litros de etanol anidro por ano.

A unidade será administrada pela Copercampos. O gerente industrial da empresa, Nelson Cruz, ressalta que a previsão de início de funcionamento é maio de 2026.

Com as adversidades climáticas das últimas safras, que vitimou, principalmente, produtores gaúchos, parte significativa da produção de milho e trigo não atingiu qualidade de exportação ou consumo humano e foi direcionada para a produção de ração. Agora, esses produtos, como o trigo que não atende padrões de panificação, podem ser destinados para a produção de etanol. Com isso, os dois estados esperam aumentar áreas de plantio para as duas culturas, número que vem caindo nos últimos ciclos.

O setor entende que não haverá falta de grãos para alimentação humana ou animal, mas, sim, novas opções de renda ao produtor.

“O produtor não ficará vulnerável a só um mercado, num determinado momento. Uma indústria como essa estimula a pesquisa, traz tecnologia, liquidez e segurança para quem produz de tal forma que estimula a produzir mais milho, às vezes até no lugar da soja. Isso é uma coisa que pode, a médio prazo, ser muito boa para estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, diz o presidente da Abramilho, Paulo Bertolni.

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