A Union Pacific (UP) firmou nesta semana um acordo para adquirir sua concorrente Norfolk Southern (NS) em uma operação de US$ 85 bilhões. O negócio, que ainda precisa de aprovação da Surface Transportation Board (STB), resultará na maior empresa ferroviária do país e na primeira com rotas diretas entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos (EUA). A nova companhia terá valor estimado em US$ 250 bilhões.
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O plano será apresentado ao órgão regulador dentro de seis meses. Se autorizado, o grupo formado superará a atual líder BNSF, controlada pela Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, desde 2009. Juntas, UP e NS somam mais de 80 mil quilômetros de trilhos em 43 Estados.


A preocupação é que, por envolver duas das cinco maiores operadoras ferroviárias do país, tal fusão pode levar a uma concentração significativa no setor. Esse será um dos pontos analisados pela STB no processo de avaliação regulatória.
Se aprovada, a operação criará uma malha ferroviária nacional unificada, conectando diretamente o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, algo inédito até hoje no setor ferroviário privado dos EUA.
“Faz falta uma rede transcontinental nos EUA”, disse o CEO da UP, Jim Vena, em teleconferência. Segundo ele, a ausência desse tipo de integração “limita as capacidades das empresas e das cadeias de suprimento”.
Embora existam rotas transcontinentais operadas por diferentes empresas, ainda não há uma única operadora que execute todo o trajeto em suas próprias linhas contínuas.
A UP adquirirá a NS em uma transação de ações e dinheiro que avalia a NS em US$ 320 por ação, um prêmio de 25%. A nova empresa, conforme informa a revista Trains, terá um valor empresarial de mais de US$ 250 bilhões.
A fusão criaria US$ 2,75 bilhões em sinergias anuais dentro de três anos, por meio de uma combinação de US$ 1,75 bilhão em crescimento de receita e US$ 1 bilhão em economia de custos, de acordo com a direção das empresas.
“As ferrovias têm sido parte integrante da construção dos EUA desde a Revolução Industrial, e esta transação é o próximo passo para o avanço do setor”, prosseguiu Vena. “Imagine transportar aço de Pittsburgh, Pensilvânia, para Colton, Califórnia, e pasta de tomate de Heron, Califórnia, para Fremont, Ohio, sem interrupções.”
Ele ainda ressaltou que a iniciativa trará benefícios aos transportes de produtos.
“Madeira do noroeste Pacífico, plásticos da costa do Golfo, cobre do Arizona e Utah e carbonato de sódio do Wyoming”, destacou o dirigente. “Neste momento, dezenas de milhares de ferroviários estão transportando quase tudo o que usamos. Você escolhe, e em algum momento, a ferrovia transportou.”
Extensão da nova ferrovia dos EUA
A ferrovia terá 52.215 milhas (84.034 quilômetros) de extensão, com trilhos passando por 43 estados, da costa leste à costa oeste, e atendendo cerca de 100 portos.
O objetivo é oferecer um serviço de frete mais rápido e abrangente aos transportadores dos EUA. Com isso, deverão ser eliminados atrasos em conexões, novas rotas serão abertas, o que deve reduzir distância e tempo de trânsito nos principais corredores ferroviários.
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O frete, com a fusão, será transferido para o transporte ferroviário, para diminuir o congestionamento e o desgaste das rodovias financiadas pelos contribuintes, segundo as empresas.
“A NS, assim como a UP, é uma ferrovia essencial para a economia dos EUA, com um histórico de 200 anos de atendimento a clientes em 22 estados da metade leste do país”, afirmou Mark George, CEO da NS, em um comunicado.
Pela proposta, os acionistas da NS receberão uma ação da UP mais US$ 88,82 em dinheiro por papel, o que representa um prêmio de 11% sobre o preço de fechamento da ação na última segunda-feira 28.