O governo de esquerda do Reino Unido implantou um sistema de monitoramento das redes sociais no país para fiscalizar postagens potencialmente “perigosas”, especialmente discursos anti-imigração. A intenção da medida, disse o jornal The Telegraph, é identificar indícios de desordem e riscos à ordem pública.
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Montada pelo Ministério do Interior, a equipe foi criada depois de críticas à atuação da polícia durante protestos em cidades como Norwich, Leeds e Bournemouth. Há expectativa de novos protestos perto de hotéis onde os estrangeiros estão asilados.
Afronta à liberdade de expressão
A equipe de monitoramento de redes sociais foi alvo de críticas em razão do caráter de vigilância e da afronta à liberdade de expressão.
Chris Philp, secretário-sombra do Interior, afirmou que o governo tenta “policiar opiniões e montar uma equipe central para monitorar o que as pessoas publicam e compartilham nas redes sociais”, conforme destacou à fonte da matéria. “O Partido Trabalhista parou de fingir consertar a Grã-Bretanha e começou a tentar silenciá-la. Este é um primeiro-ministro que está feliz em transformar a Grã-Bretanha em um estado de vigilância, mas não vai deportar criminosos estrangeiros, não vai patrulhar as ruas, não vai financiar o policiamento da linha de frente” declarou Philp, em crítica direta ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer.
🚨 DEMOCRACY – Elite police squad to monitor anti-migrant posts on social media in the UK.
When truth becomes unspeakable, democracy is already over. And when governments police opinion rather than protect freedoms, the people are no longer sovereign.
This is endgame. pic.twitter.com/qAzsP9KFpb
— Bernie (@Artemisfornow) July 26, 2025
Líder dos conservadores do Reino Unido, Nigel Farage declarou que a medida representa o início de um estado controlador da liberdade de expressão e deve ser combatida. “Este é o começo do estado que controla a liberdade de expressão. É sinistro, perigoso e deve ser combatido. A reforma do Reino Unido fará exatamente isso”.
Ativistas relataram que conteúdos sobre protestos anti-imigração foram censurados devido a recentes leis de segurança on-line. Rebecca Vincent, diretora interina do Big Brother Watch, tratou a iniciativa como inadequada e defendeu que os recursos sejam destinados ao policiamento tradicional, não à vigilância de discursos na internet.
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“O plano do Ministério do Interior é perturbador e assustadoramente reminiscente das unidades de contra-desinformação da era covid, que têm sido objeto de protestos públicos generalizados”, declarou. “Não está claro como a polícia usará as informações que coletará ou se tentará interferir no conteúdo on-line como essas unidades orwellianas antes, mas nossa mensagem é clara: a era do Ministério da Verdade acabou.”
Vincent defende o aumento do policiamento físico para garantir a segurança pública, em vez de vigiar o discurso on-line.
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Depois da entrada em vigor da Lei de Segurança On-line, usuários relataram dificuldade para acessar imagens de protestos em hotéis de asilo, alimentando o debate sobre censura nas redes. O Free Speech Union apontou que restrições da plataforma X podem impedir britânicos de visualizarem registros de protestos violentos.
A estrutura da equipe que monitora as redes sociais no Reino Unido
A equipe, chamada de Investigações de Inteligência da Internet Nacional, vai operar no Centro Nacional de Coordenação da Polícia, em Westminster, e dará suporte às forças locais, fornecendo inteligência digital para embasar decisões operacionais.
De acordo com um porta-voz do Ministério do Interior, o foco é rastrear informações rapidamente para proteger comunidades e prevenir crimes, como violência com faca, furtos e agressões contra mulheres, garantindo maior sensação de segurança nas cidades.
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Segundo Dame Diana Johnson, ministra do Policiamento, a proposta é “explorar a inteligência da internet para ajudar as forças locais a gerenciarem ameaças e riscos à segurança pública”, conforme disse à fonte da matéria.
O projeto surge em meio à visita de Donald Trump ao Reino Unido e diante de críticas do Departamento de Estado dos EUA quanto à regulação europeia de mídias sociais, considerada como censura orwelliana. Mudanças recentes na lei agora exigem que plataformas de conteúdo adulto adotem verificações de idade rigorosas e garantam o acesso apenas a maiores de 13 anos.