
A compra pelo governo do Rio Grande do Sul de 2,2 mil toneladas de leite em pó anunciada nesta quarta-feira (19) foi recebida pelo setor produtivo como o primeiro passo para aliviar a crise de excesso de oferta.
A aquisição foi oficializada via chamada pública de número 0004/2025 publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). No documento, o Executivo informa a reserva de R$ 86,5 milhões para a compra, oriundos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).
O aporte limita-se à compra de produto de cooperativas produzido em solo gaúcho. Instituições interessadas devem encaminhar documentação até o dia 10 de dezembro. A compra será distribuída para famílias em situação de vulnerabilidade social e nutricional, entre dezembro de 2025 e maio de 2026.
O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini, destaca que se trata de um movimento importante e que é esperado desde o final de 2024.
“Esta aquisição foi prometida ainda para amenizar os efeitos da enchente, mas chega em boa hora. Que essa seja a primeira iniciativa de outras tantas que são necessárias. Esperamos que os outros estados repliquem este modelo e ajudem a escoar a produção”, destaca.
Segundo ele, a expectativa é de que, na próxima semana, novas medidas sejam anunciadas pelo governo federal para amenizar a importação “descontrolada” de leite dos países do Prata, notadamente Argentina e Uruguai.
Assim, o setor produtivo reivindica a suspensão das licenças automáticas de importação, pede compras da União e uma política de incentivo às indústrias alimentícias que comprem leite em pó e queijo muçarela de empresas brasileiras.
“Entendemos que há uma diferenciação entre cooperativas e indústrias nessa decisão, mas, de certa forma, ela beneficia a todos na medida em que escoa parte do produto excedente do mercado, hoje atingido pelas cargas vindas do Uruguai e Argentina”, completou Palharini.
Já o secretário de Desenvolvimento Rural (SDR), Vilson Luiz Covatti, acredita que a medida mostra a sensibilidade do governo com a situação do setor. “Estamos tomando essa atitude, juntamente com o governador Eduardo Leite, para fazermos a nossa parte frente à crise”, enfatizou.


