Em entrevista ao programa Oeste Negócios da última segunda-feira, 11, o advogado Leonardo Corrêa disse que o governo federal precisa entender que as negociações com os Estados Unidos não são uma questão eleitoral. O jurista participou do talk show ao lado do diretor nacional da faculdade Ibmec, Reginaldo Nogueira.

“Enquanto o governo federal não entender que isso [negociar com os EUA] não é uma questão eleitoral, é uma questão para o país, a gente não vai sair disso”, afirmou o advogado. “Soberania começa com respeito ao indivíduo. Nós somos soberanos, e o Estado funciona como um agente em prol dos indivíduos. Se o Estado não está funcionando como agente em prol dos indivíduos, como a gente vai falar em soberania?”

+ Leia mais notícias de Política em Oeste

Para Nogueira, é preciso reconhecer a importância do relacionamento entre os Estados Unidos e o Brasil do ponto de vista político e empresarial. De acordo com ele, o setor produtivo tem feito sua parte ao pressionar políticos. Além de alertar sobre a necessidade de manter o canal de negociação aberto com os EUA.

“Tendo a acreditar que nós chegaremos nesse ponto de discussão”, disse o diretor do Ibmec. “Não é algo que será simples nem imediato, mas, do ponto de vista dos próprios norte-americanos, haverá um chamamento à uma negociação um pouco mais nessa direção.”

Desde o Dia da Libertação, em abril, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a nova política tarifária, diversos países aceitaram ir a Washington negociar. O Brasil, no entanto, viu a tarifa adicional de suas exportações aos norte-americanos subirem de 10% para 50%.

O primeiro a fechar um acordo com a Casa Branca foi o Reino Unido, ainda em maio. Os britânicos concordaram em reduzir as tarifas de importação norte-americana para os setores automotivo e aeroespacial. A administração Trump também abriu uma cota de importação de 100 mil veículos do Reino Unido, com uma tarifa de 10%.

A União Europeia, composta por 27 países, também celebrou uma alíquota geral de 15% com a Casa Branca. O bloco concordou em comprar US$ 750 bilhões em energia dos EUA e ainda se comprometeu a investir US$ 600 bilhões a mais do orçamento atual em equipamentos militares.

Japão, Vietnã e Filipinas são outras nações que fecharam acordos com os Estados Unidos. Segundo Trump, os japoneses concordaram em investir US$ 550 bilhões na América.

Governo Lula vai na contramão do mundo

Enquanto o mundo fecha acordos com os Estados Unidos e aceitam negociar com Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dobra a aposta no discurso de “soberania” e investe em discursos antiamericanos. A pauta da “desdolarização” do comércio é um dos exemplos.

“O dólar se tornou a principal moeda de transação internacional, não foi por imposição, foi algo que foi sendo construído ao longo do século XIV até ser concretizado”, explicou Nogueira.

Em entrevista à agência britânica de notícias Reuters, o petista disse que não vai se humilhar e não vai ligar para o republicano. Segundo ele, o chefe da Casa Branca não quer conversar.

“O dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele [Trump]”, afirmou Lula. “Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar.”

Leia mais: “Entidades judaicas pedem que Lula recoloque Brasil em aliança contra antissemitismo”