O Gabinete de Assuntos do Hemisfério Ocidental, órgão do Departamento de Estado dos Estados Unidos responsável pelas relações com países do continente americano, publicou nesta segunda-feira, 4, uma nota oficial que condena a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na postagem, veiculada na conta oficial da instituição no X, o governo norte-americano afirma que Moraes é agora um “violador de direitos humanos sancionado pelos EUA” e o acusa de utilizar as instituições brasileiras “para silenciar a oposição e ameaçar a democracia”.
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Declaração oficial de agora do Escritório de Relações para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA:“𝐎 𝐉𝐮𝐢𝐳 𝐌𝐨𝐫𝐚𝐞𝐬, 𝐚𝐠𝐨𝐫𝐚 𝐮𝐦 𝐯𝐢𝐨𝐥𝐚𝐝𝐨𝐫 𝐝𝐞 𝐝𝐢𝐫𝐞𝐢𝐭𝐨𝐬 𝐡𝐮𝐦𝐚𝐧𝐨𝐬 𝐬𝐚𝐧𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐝𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐨𝐬 𝐄𝐔𝐀, 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐢𝐧𝐮𝐚… pic.twitter.com/2w9jMRPwos
— Ana Paula Henkel (@AnaPaulaVolei) August 5, 2025
O texto continua com uma crítica direta às novas restrições impostas a Bolsonaro: “Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público”, afirma. “Deixem Bolsonaro falar!”.
Ainda segundo o comunicado, “os EUA condenam a ordem de prisão domiciliar imposta por Moraes a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que ajudarem e facilitarem essa conduta sancionada”.
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A publicação ocorre poucas horas depois de Moraes determinar que o ex-presidente fique em prisão domiciliar, sob o argumento de descumprimento de medidas cautelares. A decisão incluiu o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de visitas (exceto de familiares próximos e advogados) e recolhimento de celulares do local.
A reação do governo norte-americano amplia a tensão diplomática entre os dois países, especialmente depois da aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes — instrumento legal dos EUA voltado a sanções contra estrangeiros acusados de violar direitos humanos. Além disso, dias antes, o presidente Donald Trump já havia anunciado tarifas comerciais de 50% sobre produtos brasileiros.


A nota também ecoa declarações recentes de figuras do alto escalão do governo Trump, como o secretário Marco Rubio, que em 18 de julho já havia classificado a atuação de Moraes como “caça às bruxas política“.
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