O governo dos Estados Unidos, por meio do Departamento de Estado, anunciou nesta quarta-feira, 23, a abertura de uma investigação sobre a continuidade da Universidade de Harvard como entidade credenciada para patrocinar vistos de intercâmbio. A medida foi comunicada oficialmente pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e publicada no site oficial da pasta.
De acordo com a nota divulgada, o objetivo da apuração é verificar se Harvard tem cumprido integralmente as regras do Programa de Visitantes de Intercâmbio, que permite a estrangeiros estudar ou trabalhar nos Estados Unidos por meio de programas culturais e educacionais.
Segundo o Departamento, todas as instituições autorizadas a participar do programa “são obrigadas a cumprir totalmente os regulamentos de visitantes de intercâmbio, garantir transparência nos relatórios e demonstrar compromisso com os princípios de intercâmbio cultural e entendimento mútuo sobre os quais o programa foi fundado”.
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Em publicação nas redes sociais, Rubio afirmou que “o Departamento de Estado está abrindo uma investigação sobre a autoridade de Harvard para patrocinar vistos de intercâmbio”. E acrescentou: “O patrocínio de vistos é um privilégio, e os patrocinadores cuja conduta prejudica os interesses da nossa nação perderão esse privilégio”.
A medida representa mais um capítulo na escalada de tensões entre a universidade e a atual administração. Desde abril, Harvard tem sido alvo de sanções e investigações por parte do governo de Donald Trump, ao se recusar a atender exigências de uma força-tarefa federal criada para combater o antissemitismo.
Em resposta, a instituição entrou com um processo judicial contra cortes de US$ 2,6 bilhões em verbas federais e acusou o governo republicana de promover uma campanha de retaliação contra a comunidade universitária.
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Apesar da nova investigação, a universidade afirmou que continuará com o programa para estrangeiros. Em nota oficial, um porta-voz de Harvard declarou que o anúncio do Departamento de Estado é “mais um passo retaliatório tomado pela Administração em violação aos direitos de Primeira Emenda de Harvard”.
A instituição acrescentou que “continuará a matricular e patrocinar acadêmicos, pesquisadores e estudantes internacionais” e que “protegerá sua comunidade internacional e os apoiará na solicitação de vistos e no processo de chegada ao campus neste outono”.
A nota do Departamento de Estado sugere que o inquérito também buscará garantir que os programas estudantis conduzidos pela universidade “não contrariem os interesses da nação” norte-americana.
O governo argumenta que “os patrocinadores devem conduzir seus programas de forma que não prejudiquem os objetivos da política externa nem comprometam os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”.


A pasta sustenta ainda que o povo norte-americano tem o direito de esperar que as universidades “defendam a segurança nacional, cumpram a lei e ofereçam ambientes seguros para todos os estudantes”.
Além da investigação atual, o governo Trump já tentou impedir por diversas vezes que a universidade, sediada em Cambridge (Massachusetts), recebesse estudantes estrangeiros. O presidente também ameaçou revogar o status de isenção fiscal da instituição.
No mês passado, a administração acusou Harvard de tolerar atos de antissemitismo, o que poderia colocar em risco todo o financiamento federal à universidade, como bolsas de estudo e auxílios estudantis. A medida é conhecida nos meios acadêmicos como uma “sentença de morte”.
Em resposta às acusações, o presidente de Harvard, Alan Garber, afirmou que a universidade implementou mudanças para combater o antissemitismo, mas não aceitará as exigências impostas pela atual administração.
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