O combate à pedofilia na internet se tornou um pretexto para o governo Lula e aliados pautarem novamente a censura das redes sociais. O tema ganhou força depois do vídeo do youtuber Felca, divulgado na última semana, que expôs a necessidade de endurecimento no combate a crimes online.
O vídeo, do qual o deputado reconhece o mérito de trazer à tona uma pauta indispensável, simultaneamente “parece um cavalo de Tróia”, afirmou ao Oeste com Elas desta sexta-feira, 15. “Sabemos que o Felca teve uma boa intenção, só que ele não falou do grande problema que temos no nosso país, que é a falta de punição para pedófilos, as leis muito brandas.”
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Em resposta ao vídeo, o presidente da Câmara, Hugo Motta, comprometeu-se, na última terça-feira, 12, a criar uma comissão geral sobre o assunto para a semana seguinte e instituir um grupo de trabalho para avaliar propostas sobre a proteção de crianças e adolescentes nas redes. A intenção é consolidar um texto que atenda à urgência do tema.
A esquerda usa o vídeo do Felca de forma oportunista. As plataformas precisam de mecanismos para impedir crimes contra crianças e a ação de criminosos, mas não vamos permitir que distorçam o cenário para implementar a censura das redes com objetivo político. pic.twitter.com/tKxKRPubvq
— Carlos Jordy (@carlosjordy) August 15, 2025
No entanto, Jordy criticou o anúncio feito por Hugo Motta, nesta quinta-feira, 14, de levar ao Colégio de Líderes, na terça-feira 19, o projeto de Alessandro Vieira (MDB-SE), autor da chamada “PL das fake news”. O texto vai além do combate à pedofilia e institui a censura das redes sociais. “Com um governo como esse, sabemos o seu viés e como vão lidar com o espectro de direita a partir de uma regulação.”
Segundo Jordy, o texto a ser apresentado, com 93 páginas, restringe as plataformas de modo abrangente, o que atende interesses do Executivo. “É uma quebra de promessa do Hugo Motta”, avalia o deputado. “Aparentemente, ele está querendo entrar em guerra com a oposição.”
O parlamentar destaca que a oposição defende restrições específicas para impedir crimes, mas discorda da regulação absoluta. “Eles querem de uma forma mais ampla fazer a regulação das redes, e não só no sentido de coibir ação de pedófilos. Até porque tem eleição vindo aí.”
Adultização – e o que não te contaram. pic.twitter.com/CniXPJypEt
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) August 14, 2025
Ao invés de censura, oposição defende mudanças no algoritmo
Carlos Jordy, entretanto, reconhece a necessidade de um outro tipo de mudança nas redes sociais. “O algoritmo muitas vezes é falho”, devido à regra absoluta de sempre entregar conteúdo alinhado às preferências do usuário. Ele relatou que representantes de empresas de tecnologia já admitiram falhas nesse processo, durante encontros com parlamentares da oposição.
“Queremos sim um controle da rede”, explicou o deputado, “mas não estatal, e sim para que não haja mais entrega desses conteúdos abjetos, que fomentam a pedofilia”. Ele defende que o algoritmo “não pode atuar de forma automática, como tem sido feito”.
A linha a ser percorrida pela oposição é tênue: combater a pedofilia e impedir a censura das redes sociais. No entanto, diz Jordy, uma certeza é indiscutível: “o governo tem as piores intenções com um tema tão nobre quanto a proteção da infância e da adolescência”.