A temporada do tênis caminha para a reta final – mas com grande estilo. Nesta segunda-feira (26), começa o US Open, último Grand Slam do ano e que reúne os melhores do mundo em Nova York, nas quadras duras do complexo Billie Jean King.
É a derradeira chance para quem sonha com um título de major em 2024. Jannik Sinner, campeão do Australian Open, e Carlos Alcaraz, vencedor em Roland Garros e Wimbledon, já ganharam os seus no ano, assim como Aryna Sabalenka, Iga Swiatek e Barbora Krejcikova levantaram os troféus entre as mulheres.
(Conteúdo oferecido por Itaú, MIT, Vivo, Betano, Engie, Ademicon e Superbet)
Esses são apenas cinco dos muitos tenistas que chegam com grande expectativa aos Estados Unidos e sonham com as finais marcadas para os dias 7 e 8 de setembro. Até lá, porém, muita água – tomara que não literalmente – vai rolar em Flushing Meadows, com transmissão ao vivo de todas as quadras no Disney+ e também na ESPN. Sem contar o Pelas Quadras diário, que debaterá tudo sobre o torneio diariamente.
Antes da chave principal, porém, já tem muito assunto em discussão. O mundo do tênis está agitado pela polêmica que envolve ninguém menos que o número 1 do mundo. Jannik Sinner foi flagrado no exame antidoping em março, mas, por ter escapado de suspensão, está garantido no US Open – o que deve repercutir ao longo da disputa. O italiano entra como um dos favoritos, ao lado de Carlos Alcaraz e também Novak Djokovic, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Paris.
No feminino, as principais atletas também estão confirmadas. Iga Swiatek, campeã em Roland Garros, entra como a líder do ranking mundial, e terá a companhia de Coco Gauff e Aryna Sabalenka, finalistas do ano passado, quando a americana levou a melhor em casa.
O Brasil também terá representantes, com Thiago Seyboth Wild e Thiago Monteiro na chave masculina, além, claro, de Beatriz Haddad Maia no feminino. Nas duplas, ao menos seis brasileiros vão representar o país em busca do sonho de uma campanha histórica.
Quer saber mais sobre o US Open? O ESPN.com.br preparou um guia completo sobre o último Grand Slam da temporada.
Doping polêmico do número 1 do mundo
Na última terça-feira (20), Jannik Sinner revelou que testou positivo para clostebol, anabolizante proibido pela Agência Mundial Antidoping (WADA). Ele foi flagrado com quantidades mínimas em dois exames em março, durante o Masters 1000 de Indian Wells, mas conseguiu evitar suspensões ao apelar rapidamente com a Agência Internacional de Integridade do Tênis (ITIA), responsável pela investigação.
Segundo as provas apresentadas pelo italiano, o contato com a substância aconteceu através de seu fisioterapeuta, que utilizou um remédio com clostebol para um corte no próprio dedo e, ao não usar luvas, passou o produto para o tenista. Ao final da investigação, um tribunal neutro julgou que Sinner não foi culpado ou negligente no caso e apenas o puniu com perda dos pontos e da premiação em dinheiro do torneio nos Estados Unidos.
A decisão polêmica revoltou diversos tenistas e ex-tenistas do circuito. Nomes como Nick Kyrgios, Denis Shapovalov e Lucas Pouille questionaram que, se ele não fosse o número um do mundo, teria recebido uma suspensão. Até grandes nomes do tênis brasileiro, como Fernando Meligeni e Jaime Oncins, apontaram pesos e medidas diferentes para o jogador italiano. A ESPN procurou um advogado especialista em direito desportivo, que explicou por que a decisão da ITIA segue um padrão de julgamentos recentes.
Independente da polêmica, Sinner chega ao US Open como o principal cabeça de chave e embalado pelo título no Masters 1000 de Cincinnati. O italiano fará sua sexta participação no Aberto dos Estados Unidos e seu melhor resultado em Nova York foi em 2022, quando perdeu para Carlos Alcaraz nas quartas de final.
Incógnitas de Djokovic e Alcaraz deixam masculino sem um grande favorito
Novak Djokovic está em Nova York para disputar pela 18ª vez a chave principal do US Open. Atual campeão, o sérvio de 37 anos vive uma temporada diferente do seu habitual: ainda não venceu nenhum torneio do circuito da ATP em 2024, mas comemorou a inédita medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris.
Esse desempenho abaixo do esperado, uma vez que a última temporada que Nole chegou ao US Open sem títulos foi em 2005, levantou a hipótese de desmotivação do número 2 do mundo, que, para alguns, tinha como único objetivo no ano ganhar o ouro olímpico para completar sua coleção de conquistas.
Só que o US Open oferece motivações: alcançar o 5ª título em terras norte-americanas seria igualar Roger Federer, Jimmy Connors e Pete Sampras como maiores vencedores. Só que, para isso, será preciso ganhar uma batalha contra o próprio corpo, que em 2024 já rendeu uma cirurgia no menisco do joelho direito, após Roland Garros.
Quem divide o favoritismo com Sinner e Djokovic é Carlos Alcaraz. O tenista espanhol de 21 anos vai para sua quarta participação na chave principal do US Open, com boas recordações de Nova York, onde conquistou seu primeiro Slam, em 2022.
Carlitos chega como cabeça de chave número 3 e com uma temporada bastante regular, com títulos em Indian Wells, Roland Garros e Wimbledon. Ele, inclusive, vai tentar se juntar a Rafael Nadal (2010) e Djokovic (2021) como os únicos homens que conseguiram vencer Slams nas três superfícies na mesma temporada. No entanto, as últimas semanas chamaram a atenção por uma atitude incomum do jovem espanhol.
Alcaraz foi eliminado por Gael Monfils logo em sua estreia no Masters 1000 de Cincinnati e, descontrolado, destruiu sua raquete na quadra. A atitude chamou atenção do mundo do tênis, mas logo o simpático espanhol se desculpou. No entanto, mesmo antes do ocorrido, Alcaraz e sua equipe viraram alvos de críticas por parte do ex-top 10 Ion Tiriac, que disse que o espanhol de 21 anos tem sido exposto demais.
Com essas grandes dúvidas pairando sobre Sinner, Djokovic e Alcaraz, é seguro dizer que não há um grande favorito para esta edição do US Open. Os três largam na frente, obviamente, mas Daniil Medvedev, campeão em 2021 e atual finalista, Alexander Zverev, vice-campeão de Roland Garros, também chegam como candidatos ao título.
Bia Haddad tentando espantar má fase
Beatriz Haddad Maia é a única tenista brasileira na chave de simples do US Open. A paulista de 28 anos chega em Nova York com uma certa desconfiança após uma temporada bem irregular. Segundo a própria tenista, Bia não está conseguindo colocar em prática o que está treinando e, por isso, não está sendo agressiva.
Essa postura faz com que a paulista de 28 anos perca jogos, muitas vezes de virada e sofrendo alguns “apagões”. Bia Haddad jogou na última semana o WTA 250 de Cleveland para ganhar ritmo e justamente recuperar sua confiança. A tenista brasileira teve uma boa campanha, chegando até a final, mas acabou perdendo o título mesmo vencendo o 1º set por 6 a 1. A última imagem de Beatriz deixando a quadra é com uma expressão de choro, após ser derrotada por 2 sets 1 pela americana Mccartney Kessler, que recebeu o convite da organização e era a número 98 do mundo.
Agora, Bia Haddad vai para o último Grand Slam da temporada tentando recuperar sua consistência que a levou para a semifinal de Roland Garros no ano passado, quando alcançou seu melhor resultado de major na carreira. Neste ano, a brasileira caiu na estreia do Aberto da França e chegou até a 3ª rodada no Australian Open e em Wimbledon.
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Aryna Sabalenka, Iga Swiatek e Coco Gauff são as favoritas a vencerem o torneio nos Estados Unidos
Chave feminina no US Open sempre reserva surpresas
Se na chave masculina três nomes dividem o favoritismo no US Open, ao menos quatro disputam o título no feminino.
Aryna Sabalenka, finalista no ano passado e embalada pelo título do WTA 1000 de Cincinnati, Iga Swiatek, número 1 do mundo, Coco Gauff, atual campeã, e Elena Rybakina, vencedora de Wimbledon em 2022, aparecem como as candidatas naturais ao troféu em Nova York.
No entanto, o major disputado na cidade que nunca dorme sempre reserva algumas surpresas. No últimos 10 anos, foram 9 campeãs diferentes. Apenas Naomi Osaka conseguiu o troféu duas vezes.
Além dessa diversidade, vale ressaltar as surpresas específicas de algumas edições. Em 2021, Emma Raducanu, que na época tinha 18 anos, furou o quali e foi campeã, vencendo na final uma também surpreendente Leylah Fernandez, que estava fora do top 70. Em 2019, Bianca Andreescu, então com 19 anos, também chocou o mundo em Nova York ao derrotar Serena Williams.
Isso sem mencionar a conquista de Sloane Stephens retornando de lesão, em 2017, ou mesmo de Flavia Pennetta em 2015, que conquistou seu primeiro e único major aos 33 anos e se aposentou ao final da temporada.
Na atual edição, um título de Swiatek, Sabalenka, Gauff ou mesmo Rybakina não seria nenhuma surpresa. No entanto, dá para apontar alguns nomes que podem derrubar as favoritas como Danielle Collins, que também está em sua temporada de despedida, Jessica Pegula, que busca o 1º major da carreira, ou mesmo a grande sensação Mirra Andreeva, que com apenas 17 anos já conquistou seu primeiro título da WTA e também fez semifinal em Roland Garros.
Thiago Wild e Thiago Monteiro de volta ao US Open
O Brasil terá, além de Beatriz Haddad Maia, dois representantes na chave de simples. No lado masculino, Thiago Seyboth Wild e Thiago Monteiro são os nomes.
Os dois xarás vão comemorar um “retorno” à chave principal do último Grand Slam da temporada nesta edição. Wild, de 24 anos, foi campeão juvenil do Aberto dos Estados Unidos em 2018 e apenas disputou o major “adulto” em 2020.
Desde então, o paranaense acabou não conseguindo se classificar ou ficar entre os 100 melhores do ranking para jogar novamente no complexo Billie Jean King. No ano passado, ele ficou no quase, parando na segunda rodada do qualificatório.
Já Thiago Monteiro, de 30 anos, disputou 5 vezes a chave principal do US Open e tem uma vitória, em 2022, quando alcançou seu melhor resultado, chegando até a 2ª rodada. Sua estreia em Nova York foi em 2017 e, desde então, foi um poucos brasileiros que conseguiu se manter no top 100.
Na atual temporada, Wild tem vitórias importante contra Karen Kachanov, no Masters 1000 de Indian Wells, e em cima de Taylor Fritz, em Miami, ambas em quadras duras americanas. Já Monteiro viveu seu melhor momento na gira de saibro, quando fez oitavas de final do Masters 1000 de Roma.
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Outros brasileiros
Diferente de Roland Garros, quando todos os brasileiros que disputaram o qualificatório chegaram até a chave principal, nesta edição do US Open nenhum atleta do país conseguiu furar o quali. Felipe Meligeni, Gustavo Heide, Laura Pigossi e João Fonseca ficaram na fase preliminar. Esse último, de apenas 18 anos e atual campeão juvenil do Aberto dos Estados Unidos, chegou até a 3ª e última rodada, mas acabou derrotado.
Além das chaves de simples, o Brasil também terá representantes nas duplas. No masculino, Marcelo Melo e Rafael Matos estão confirmados com uma parceria 100% brasileira. Além dos dois, Thiago Wild também vai jogar com o russo Pavel Kotov, e Thiago Monteiro com o argentino Mariano Navone.
No feminino, Bia Haddad vai atuar com a alemã Laura Siegemund, enquanto Luisa Stefani, medalhista olímpica e que fez semifinal de duplas no US Open de 2021, disputa com sua parceira da temporada Demi Schuurs, da Holanda. Ingrid Martins e Maria Lourdes Carle, da Argentina, estão como alternates, também conhecido como lista de espera.
Premiação
O US Open foi o primeiro Grand Slam a distribuir a mesma premiação para homens e mulheres, seguindo um movimento encabeçado pela lenda Billie Jean King.
Em 2024, não será diferente. A organização do major vai oferecer um total de 75 milhões de dólares, em torno de R$ 412 milhões. Os campeões das chaves de simples vão levar para casa pouco mais de R$ 20 milhões, um valor 20% maior em relação ao ano passado, quando Djokovic e Gauff ficaram com o título.
No entanto, o grande destaque ficou para a premiação de quem simplesmente se classifica para a chave principal. Quem disputar a primeira rodada do último Grand Slam do ano vai levar US$ 100 mil (R$ 554 mil), um aumento de 72% em relação há cinco anos.
Essa mudança faz parte de um movimento para tentar distribuir melhor as premiações no torneio para justamente ajudar os tenistas que não costumam chegar tão longe nas competições e não fazem parte dos “tops” da elite do tênis mundial.