Depois do falecimento de Paulo Abreu, em 2012, seus filhos descobriram uma mala com 32 milhões de cruzados, moeda que deixou de circular em 1989. Atualizados pela inflação, o dinheiro valeria, hoje, R$ 23,6 milhões. O portal g1 divulgou o cálculo nesta sexta-feira, 1º.
Para chegar ao valor, o economista Eduardo Araújo utilizou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 1990 a 2024. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o índice para mostrar a inflação anual.
“Essa atualização foi feita usando o IPCA, que representa o índice oficial de inflação no Brasil e reflete o aumento médio dos preços no período”, explicou Araújo ao g1.
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O cruzado foi substituído depois de 1989 por outras moedas até o real. O Brasil trocou de moedas diversas vezes na tentativa de controlar a inflação.
Paulo Abreu, que trabalhou como garimpeiro e dentista, preferia guardar dinheiro em casa por desconfiar dos bancos. Seus filhos desconheciam a mala cheia de cédulas até a morte dele, embora soubessem de uma garrafa de moedas.
Não é mais possível trocar os cruzados por reais
O prazo para trocar cruzados por novas moedas encerrou-se em 1989, o que impossibilita a conversão das cédulas de dinheiro para reais. Araújo comentou que, se investidos, os valores seriam maiores por causa dos rendimentos financeiros, como a taxa Selic.
“Aplicados em um investimento conservador com rendimentos básicos, como a taxa Selic, o valor hoje seria significativamente maior que R$ 23,6 milhões”, destacou o economista.
O colecionador Rafael Augusto, Sociedade Numismática Brasileira (SNB) e proprietário de um site de leilões, também metrificou o valor dos cruzados. Em 1988, a quantia poderia comprar ao menos oito casas, segundo ele.
“Vamos assumir como base o fim do plano Cruzado, em dezembro de 1988, de acordo com um anúncio no Jornal do Brasil de 28 de dezembro de 1988 era possível comprar uma casa de madeira com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, feita sob encomenda, pelo equivalente a 3,8 milhões de cruzados”, explicou Augusto ao g1. “Portanto, os 32 milhões de cruzados, em tese, comprariam oito casas dessas e ainda sobraria troco.”
Atualmente, as cédulas e moedas de cruzados não têm valor financeiro significativo, mas interessam a colecionadores. O valor de cada nota deve variar de R$ 0,1 a R$ 0,2.
“São cédulas e moedas muito comuns entre os colecionadores por terem sido feitas em enorme quantidade por causa do período de grande inflação”, disse Augusto.