O deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) afirmou que o Congresso Nacional perdeu sua função diante do avanço do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as prerrogativas legislativas. “Hoje não serve pra nada, o Congresso é um apêndice na sociedade”, declarou o parlamentar, em entrevista ao Arena Oeste desta quinta-feira, 17.
Segundo ele, decisões monocráticas de ministros como Alexandre de Moraes têm usurpado o papel do Legislativo. “Foi uma humilhação não só à Câmara, mas também ao Senado”, disse, em referência à recente decisão que reverteu uma deliberação unânime do Congresso sobre o IOF. “O STF desrespeitou o povo e os entes federativos com uma canetada só.”


Marcon afirmou que há um desequilíbrio institucional no país e criticou o silêncio da Câmara frente aos abusos. “Já viramos a Venezuela”, disse. “Institucionalmente, somos a Venezuela. Falta apenas a deterioração econômica, que vai acontecer se essas sanções se perpetuarem.”
Para o parlamentar, o Brasil vive uma “farsa democrática”. “Se os três Poderes não sentarem como adultos e reconhecerem que todo poder emana do povo, não teremos democracia”, avaliou Marcon, ao citar o primeiro artigo da Constituição Federal.
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Marcon avaliou como positiva a atuação do presidente Donald Trump em apoio à direita brasileira. “O Trump quer a liberdade de expressão garantida, a volta da democracia e a anistia”, afirmou.
Para o deputado, a postura do presidente Lula em atacar o norte-americano é equivocada. “Você imagina: o Lula quer negociar com o Trump e diz que ele tem que estar preso?”, indagou. “É como colocar ketchup na receita, zebra tudo.”
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O congressista acredita que os Estados Unidos não ignorarão a crise brasileira. “Perder o Brasil para a China seria uma tragédia geopolítica para os EUA”, avaliou. “O Lula não percebe que os norte-americanos precisam do Brasil, e o Trump enxerga no Bolsonaro alguém que passou pelas mesmas perseguições que ele enfrentou.”
Marcon também criticou o posicionamento ideológico do Partido dos Trabalhadores. “O PT odeia quem produz, odeia quem emprega, odeia agricultor”, afirmou. “O agricultor é de direita, trabalha, acorda às quatro da manhã, respeita pai e mãe e leva o filho na igreja. É tudo que o PT é contra.”
Marcon diz que foro privilegiado e decisões monocráticas blindam ministros do STF
Perguntado sobre a possibilidade de impeachment de ministros do Supremo, o deputado foi direto: “Rabo preso”. De acordo com Marcon, o foro privilegiado e as decisões monocráticas são usados como instrumentos de chantagem para inibir qualquer tipo de reação institucional.
“Existe um projeto pronto no Senado, já aprovado, para acabar com o foro privilegiado”, afirmou, em referência à PEC 10/2013, que visa a extinguir o foro especial por prerrogativa de função para crimes comuns. “Está parado na Câmara, pegando pó. Não votam porque têm medo.”


Apesar disso, Marcon avalia que o Congresso atual é “o mais conservador da história”, com cerca de 140 deputados alinhados à direita, com a expectativa de que o Senado também avance nessa direção em 2026. “Temos a chance de eleger até 50 senadores de direita”, afirmou.
Ao fim da entrevista, Marcon confirmou que deixará o Podemos e ingressará no PL na próxima janela partidária. “Bolsonaro me convidou e eu vou, me sinto muito feliz com esse reconhecimento”, confessou. Ao ser perguntado se teme perder o mandato, respondeu: “Não tenho medo, o meu legado vai ficar”. disse. “Quero que minha filha tenha orgulho do pai que tem.”
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