Pedro Augusto – 21/05/2025 09h36

Nos últimos anos, tornou-se comum ver uma onda de conteúdos voltados à chamada “masculinidade cristã”, muitas vezes como forma de oposição ao feminismo, com críticas à masculinidade e às ideologias pós-modernas. Influenciados, aparentemente, por princípios cristãos, muitos produtores de conteúdo têm se proposto a ensinar o que significa ser um “homem de valor”.
No entanto, essa tentativa de resgatar valores acabou gerando um problema: em vez de um cristianismo autêntico, vimos surgir uma mistura perigosa de moralismo, machismo e, muitas vezes, conivência com comportamentos errados por parte dos próprios homens.
Um exemplo claro disso foi um vídeo que assisti recentemente, no qual o autor criticava o passado da influenciadora Jordana Vucetic. Na miniatura do vídeo, ele estampava a frase: “Deu para todo mundo, na minha vez quer esperar para casar”. Além do tom vulgar e desrespeitoso, a abordagem levanta uma pergunta urgente: que tipo de cristianismo estamos vivendo, se esquecemos de algo tão essencial à nossa fé como o arrependimento?
A verdade é que todos erram e colhem, em algum nível, as consequências de suas escolhas. Mas onde estão a misericórdia, o perdão e a disposição de estender a mão a quem deseja mudar? Jesus, diante da mulher flagrada em adultério, não ignorou seu pecado, mas também não a apedrejou. Disse: “Vá e não peques mais” (João 8:11). Isso é graça: reconhecer o erro, sim, mas também oferecer a possibilidade de recomeço.
Parece que estamos esquecendo de personagens centrais da nossa fé, como Davi e Paulo — homens que cometeram grandes pecados, mas que foram transformados pelo arrependimento e pela graça de Deus. Se Deus os perdoou e os usou poderosamente, quem somos nós para negar essa mesma possibilidade a outros?
Gostaria de concluir com três reflexões:
1. Antes de apontarmos os erros dos outros, devemos olhar para nós mesmos
Como disse Jesus em Mateus 7:3-5, precisamos tirar a trave do nosso olho antes de tentar remover o cisco do olho alheio.
Há muitos homens afundados em vícios como a pornografia, mas que exigem virgindade e pureza absoluta das mulheres. Que tipo de coerência é essa? Pecado é pecado, tanto para homens quanto para mulheres.
2. As opiniões dos cristãos devem estar fundamentadas na Bíblia, não em discursos de internet
Os apóstolos ensinaram que todos que se arrependem têm o direito de viver uma vida nova. Se realmente cremos no Evangelho, precisamos ser coerentes com ele e com a graça que proclamamos.
3. O nosso modelo de masculinidade deve ser Jesus, e não influenciadores digitais
Antes de emitir qualquer opinião, deveríamos sempre nos perguntar: O que Jesus faria em meu lugar? Mas para responder a essa pergunta com sinceridade, é preciso conhecer a Palavra de Deus — não apenas ideias que soam cristãs, mas que, no fundo, se afastam do verdadeiro Evangelho.
Que sejamos homens que amam a verdade, sim — mas também a graça. Que defendem princípios, sim — mas com humildade, misericórdia e coerência com Aquele que é nosso verdadeiro exemplo: Cristo.
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Pedro Augusto é formado em Teologia pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro e também em Jornalismo. |
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