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Hugo Motta nega acordo com a oposição

Em meio à crise que paralisou os trabalhos no plenário da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou categoricamente qualquer possibilidade de acordo com a oposição para encerrar a obstrução iniciada por parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Essa presidência não negocia prerrogativa com oposição, governo, ninguém”, afirmou Motta ao chegar à Câmara. Segundo ele, a solução adotada foi a “menos traumática possível”, respeitando todas as lideranças partidárias.

Na noite da quarta-feira 6, a sessão marcada para 20h30 começou com quase duas horas de atraso e durou menos de 20 minutos. Sem votações, foi marcada pelo discurso de Motta e pela tensão com a oposição, que resistia a desocupar a Mesa Diretora. O presidente permaneceu em pé ao lado da cadeira da presidência por cerca de dez minutos até conseguir assumi-la.

Convocou uma nova sessão para esta quinta-feira, 7, e pediu que os manifestantes deixassem o local “com educação”. “Até para atravessar limites há limites. A oposição tem todo direito de se manifestar, mas dentro do nosso regimento”, disse.

Hugo Motta e Alcolumbre se movimentam para interromper obstrução

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Plenário da Câmara dos Deputados na noite de 6/8/2025, depois de parlamentares da oposição desocuparam a mesa diretora | Foto: Reprodução/YouTube/@camaradosdeputadosoficial

A movimentação para encerrar a obstrução envolveu lideranças do PL e de partidos de centro. Sóstenes Cavalcante e Altineu Cortês (PL-RJ) buscaram apoio de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, para convencer os deputados a deixarem a Mesa.

Também participaram das articulações Antônio Britto (PSD-BA), Doutor Luizinho (PP-RJ) e o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado.

A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) chegou a levar sua filha de quatro meses ao plenário e sentou-se à mesa da presidência, mas saiu ao perceber a chegada de Motta. Durante o dia, Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciaram a realização de sessões para interromper os protestos iniciados depois da decretação de prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.

Reações no Senado

No Senado, Alcolumbre convocou uma sessão virtual para votar o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos.

“Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado”, afirmou Alcolumbre, em nota. “O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento. Seguiremos votando matérias de interesse da população.”

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), elogiou a postura de Alcolumbre: “Ele se portou como líder. A correção do IR permitirá a isenção a 10 milhões de brasileiros”.

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Ainda assim, a quarta-feira foi marcada por atos nos dois plenários e no auditório Nereu Ramos, onde deputados aliados de Bolsonaro protestaram contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

No Senado, um grupo de parlamentares chegou a se acorrentar à mesa de trabalho. Para conter os protestos, a Câmara restringiu o acesso ao plenário a partir das 19h, autorizando apenas a entrada de parlamentares.

Oposição cobra anistia

Parlamentares aliados de Bolsonaro pressionam pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, pelo fim do foro privilegiado e pela abertura de um processo de impeachment contra Alexandre de Moraes, ministro do STF.

Em paralelo, lideranças governistas acusam a oposição de tentar transformar o Congresso em palco de desordem.

Sem citar diretamente a prisão de Bolsonaro, Hugo Motta reconheceu o clima de ebulição no Congresso: “Não vivemos tempos normais. Não podemos negociar a democracia nem colocar projetos individuais acima do que une todos nós: o povo brasileiro. Desta presidência, não terão omissão”, declarou.

Leia também: “Os intocáveis e os silenciados”, reportagem de Edilson Salgueiro para a Edição 280 da Revista Oeste

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