Profissionais do escritório regional do Instituto Água e Terra (IAT) de Foz do Iguaçu, no Oeste do Estado, capturaram nesta segunda-feira (9) dois saguis-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata). Os animais estavam sendo procurados desde a semana passada, quando a administração de um hotel central de Foz do Iguaçu notificou o órgão sobre a presença dos primatas em áreas próximas do estabelecimento. A ação foi realizada com apoio do Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu, que está abrigando os animais temporariamente.
Embora bastante sociável, os saguis-de-tufos-pretos são espécies exóticas, naturais da região do Cerrado, e comuns em estados como Bahia, Piauí, Minas Gerais, Goiás e Maranhão. Para estarem em Foz do Iguaçu, é muito provável que os dois saguis tenham sido vítimas do tráfico de animais silvestres e que foram soltos, ou escaparam, na região. Sua presença, portanto, é um risco para a sobrevivência da fauna local, visto que acabam competindo com espécies nativas por recursos.
De acordo com o técnico em Meio Ambiente do IAT e um dos responsáveis pela operação de captura, Samuel Steimbach, o carisma dessa espécie de macaco acabou contribuindo para que ela fosse introduzida nos biomas do Sul e do Sudeste brasileiro de maneira ilegal. “Por possuírem uma aparência e comportamento bastante amigáveis, os saguis são muitas vezes traficados e vendidos para a criação doméstica. Uma vez aqui, longe de casa, acabam fugindo de seus novos lares, ou até sendo soltos em áreas de mata”, disse ele.
Essa prática, no entanto, envolve riscos ambientais seríssimos para a biodiversidade paranaense. “Os saguis-de-tufos-pretos podem se tornar territorialistas, competindo com espécies nativas, expulsando-as e ocupando nichos ecológicos locais”, afirma o técnico. “Além disso, esse sagui é conhecido por predar ovos, filhotes de aves e pequenos répteis, o que compromete a reprodução de várias espécies”.
CAPTURA – Priorizando o bem-estar do animal e evitando causar estresse, técnicos do IAT inicialmente montaram uma céva, espécie de casa, com alimentos atrativos (banana, geleia de mocotó e paçoca) para chamar a atenção dos saguis. No entanto, essa abordagem não obteve sucesso. A alternativa que funcionou, de acordo com Steimbach, foi a utilização de um espelho e uma caixa de som emitia a vocalização desses primatas, acompanhada de bananas.
Capturados, os dois macacos foram introduzidos no Refúgio Biológico Bela Vista, mantido pela Usina Hidrelétrica Itaipu. A ideia é que eles permaneçam no local até que seja definida a destinação final.
DENUNCIE – Ao avistar animais machucados ou vítimas de maus-tratos, tráfico ilegal ou cativeiro irregular, o cidadão deve entrar em contato com a Ouvidoria do Instituto Água e Terra ou da Polícia Militar do Paraná.
Se preferir, outra opção é ligar para o Disque Denúncia 181 e informar de forma objetiva e precisa a localização e o que aconteceu com o animal. Quanto mais detalhes sobre a ocorrência, melhor será a apuração dos fatos e mais rapidamente as equipes conseguem fazer o atendimento.