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Impacto do tarifaço deve ser maior nas regiões Norte e Nordeste, avalia especialista

Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos pode levar à perda de mais de 100 mil postos de trabalho no Brasil. Em entrevista com Pyscilla Paiva, no Mercado & Cia, o professor de direito do trabalho do Insper, Ricardo Calcini, destacou que parte dessas vagas está concentrada no agronegócio.

“O agro representa uma das parcelas mais importantes do PIB brasileiro, com destaque para café, carne bovina e suco de laranja. Lembrando que o suco de laranja foi isento do tarifaço norte-americano. No entanto, café e carne bovina devem sentir um forte impacto. Hoje, o mercado dos EUA absorve cerca de 30% das exportações brasileiras de café e aproximadamente 25% da carne bovina”, afirmou.

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Segundo Calcini, só em Minas Gerais, a estimativa de prejuízo com a medida chega a R$ 1 bilhão. Grandes empresas do setor, como JBS e Minerva, já anunciaram a possibilidade de suspender exportações para reduzir perdas. Ele acrescenta que outros segmentos também serão afetados, como o de madeira ,que destina metade de sua produção ao mercado americano, enquanto pescado e açúcar sofrerão impactos menores.

O professor ressaltou que os efeitos serão sentidos de forma desigual pelo país. “O Brasil é um continente. No Sul e Sudeste, o impacto tende a ser menor pela maior diversidade de produtos exportados. Já no Norte e Nordeste, onde há maior dependência de poucas commodities e maior informalidade, o impacto será mais severo, afetando especialmente pequenos agricultores e exportadores”, disse.

Para mitigar os efeitos, Calcini defende a adoção de incentivos fiscais pelo governo federal e pelos estados. Ele citou o programa Acredita Exportação, que prevê ampliação de prazos e apoio financeiro aos exportadores, além de iniciativas estaduais, como linhas de crédito para pequenas empresas. Segundo o Sebrae, cerca de 4 mil pequenos negócios serão diretamente afetados, o que levou à criação de uma linha de financiamento de R$ 30 bilhões para manter a atividade econômica e preservar empregos.

Além dos incentivos, Calcini vê como estratégico buscar novos mercados. “O Brasil ainda depende fortemente dos Estados Unidos, nosso segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China. Precisamos fortalecer laços com a União Europeia, países asiáticos e também com a Índia, com quem já há tratativas para ampliar o comércio bilateral, reduzindo a dependência americana e protegendo postos de trabalho”.

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