Diante da possibilidade de um ataque direto dos Estados Unidos, o Irã voltou a ameaçar fechar o Estreito de Ormuz. A via conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e escoa cerca de 20% de todo o petróleo consumido no mundo.
O bloqueio faz parte das medidas de retaliação que o governo iraniano estuda caso os EUA avancem na guerra. Fontes da imprensa norte-americana confirmam que já existe um plano preparado para uma ofensiva militar. O presidente Donald Trump declarou que tomará uma decisão sobre o envolvimento do país nas próximas duas semanas.
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A responsabilidade pela segurança da navegação no Estreito de Ormuz recai sobre os Estados Unidos. A 5ª Frota da Marinha norte-americana, sediada no Bahrein, mantém vigilância constante na região.
A possibilidade de bloqueio levantada por grupos políticos do Irã acendeu um alerta global. Qualquer interrupção nesse corredor estratégico pode gerar uma disparada nos preços do petróleo.


O avanço dos confrontos entre Israel e Irã aumentou a tensão no local
O avanço dos confrontos entre Israel e Irã aumentou a tensão no local. Agências marítimas já orientaram petroleiros a adotarem medidas extras de segurança. Desde sexta-feira 13, quando eclodiram os primeiros ataques, o preço do petróleo registrou fortes altas. No primeiro dia, o aumento chegou a 8%.
O barril do tipo Brent, referência global, saltou de US$ 69,36 no dia 12 de junho para US$ 78,74 no dia 19, uma alta de 13,5%. No mesmo período, o WTI, referência nos Estados Unidos, subiu de US$ 66,64 para US$ 73,88, acumulando 10,9% de aumento.
Relatórios do JPMorgan alertam para um cenário extremo. Se houver o fechamento do estreito ou retaliações de produtores da região, o preço do petróleo pode alcançar valores entre US$ 120 e US$ 130 por barril.


O histórico do Irã revela que essa não é a primeira ameaça do tipo. Em 2019, durante o governo de Donald Trump, o país cogitou bloquear Ormuz depois de os Estados Unidos abandonarem o acordo nuclear. Mesmo assim, nenhuma dessas ameaças se concretizou até hoje.
O estreito funciona como uma artéria vital para o mercado mundial de energia
O estreito funciona como uma artéria vital para o mercado mundial de energia. Sua parte mais estreita possui 33 quilômetros de largura, com canais de navegação limitados a 3 quilômetros em cada direção.
Levantamentos da plataforma Vortexa mostram que, entre o início de 2022 e maio de 2025, circularam diariamente pela região entre 17,8 e 20,8 milhões de barris de petróleo, condensado ou combustíveis. A maior parte das exportações de Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Kuwait e Iraque depende dessa rota, principalmente com destino à Ásia.


Com o risco crescente, Arábia Saudita e Emirados Árabes intensificaram a busca por rotas alternativas para reduzir a dependência de Ormuz. O Catar, por sua vez, envia quase toda a sua produção de gás natural liquefeito por essa mesma passagem.
Dados da Administração de Informação de Energia dos EUA referentes a junho de 2024 revelam que os oleodutos disponíveis na região possuem capacidade ociosa de 2,6 milhões de barris por dia. Essa estrutura poderia ser utilizada como rota alternativa em caso de bloqueio do estreito.