O gabinete de segurança de Israel aprovou nesta quinta-feira, 7, a proposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para que as Forças de Defesa de Israel assumam o controle da Faixa de Gaza. A medida representa o primeiro passo de um plano mais amplo para erradicar a presença do grupo terrorista Hamas na região.
O governo israelense informou que a ocupação será acompanhada por ações humanitárias nas áreas fora dos combates. O plano também estabelece condições para encerrar o conflito.
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Entre elas estão o desarmamento do Hamas, a devolução dos reféns — incluindo os 20 que se acredita estarem vivos — e a desmilitarização da região. Além disso, Israel exige manter o controle da segurança e instalar um governo civil alternativo, sem participação do Hamas ou da Autoridade Palestina.
Antes da reunião que definiu os rumos da operação, Netanyahu declarou à emissora Fox News que pretende controlar toda a Faixa de Gaza militarmente, mas delegar a gestão civil a um grupo árabe externo.


Segundo o premiê, a proposta visa garantir a segurança de Israel e remover o Hamas sem que Tel Aviv assuma a administração permanente do território.
O gabinete rejeitou um plano alternativo, supostamente apresentado pelo chefe do Exército, Eyal Zamir. O alto-comando militar teme que uma ocupação completa provoque uma tragédia humanitária e coloque em risco os reféns ainda em poder do grupo terrorista.
Hamas acusa Israel de sacrificar reféns
Em resposta às declarações do premiê, o Hamas afirmou que os planos israelenses comprometem as negociações por cessar-fogo. Segundo o grupo, Netanyahu estaria disposto a sacrificar os sequestrados em troca de ganhos políticos.
Porta-vozes da organização disseram ao jornal Al Jazeera que qualquer governo civil instituído por Israel seria tratado como parte da ocupação e, por isso, continuaria sendo alvo da guerra de guerrilha.
A ênfase na região, segundo analistas ouvidos pelo The Times of Israel, sugere que o avanço será gradual. O objetivo de longo prazo, no entanto, é estender o domínio em Gaza.


O plano de ocupação expôs um racha entre Netanyahu e os altos comandos militares. Conforme a imprensa israelense, na última terça-feira, 5, durante uma reunião com o gabinete de segurança, o premiê teria defendido a ocupação total da região mesmo diante da possibilidade de morte dos reféns. Zamir discordou e classificou a estratégia como uma armadilha perigosa.
A reação foi imediata. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, disse que os militares devem cumprir as decisões da liderança política.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, foi na mesma linha e declarou esperar que Gaza passe ao controle total de Israel. Até o filho do premiê, Yair Netanyahu, insinuou nas redes sociais que o Exército estaria tentando articular um golpe contra seu pai.
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Na véspera da reunião decisiva, Zamir fez sua primeira manifestação pública desde que assumiu o comando do Exército. Em tom firme, disse que a cúpula militar continuará expressando suas posições com independência, sempre com foco na proteção dos soldados e da população israelense.
“Não estamos lidando com teoria”, argumentou Zamir. “Estamos tratando questões de vida ou morte e a defesa do Estado, e fazemos isso olhando diretamente nos olhos de nossos soldados e cidadãos do país.”