Por Steven Scheer e Maya Gebeily e Parisa Hafezi
JERUSALÉM/BEIRUTE (Reuters) – O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu que o arquirrival Irã irá pagar pelo lançamento de mísseis contra Israel nesta terça-feira, enquanto Teerã garantiu que qualquer retaliação levaria a uma “vasta destruição”, aumentando os temores de uma guerra generalizada.
À medida que Washington expressava total apoio ao seu tradicional aliado Israel, as Forças Armadas do Irã disseram que uma intervenção direta dos apoiadores de Israel contra Teerã provocaria um ‘forte ataque’ do Irã nas suas ‘bases e interesses’ na região.
O preço do petróleo subiu 5% devido aos temores de uma guerra mais ampla entre os dois inimigos e o Conselho de Segurança da ONU agendou uma reunião sobre o Oriente Médio para quarta-feira.
‘O Irã cometeu um grande erro esta noite — e pagará por isso’, disse Netanyahu no início de uma reunião política, de acordo com um comunicado.
A Guarda Revolucionária do Irã disse que o ataque foi uma retaliação pelos assassinatos de líderes militantes por Israel e pela agressão no Líbano contra o movimento armado Hezbollah, apoiado pelo Irã, e em Gaza.
Os temores de que o Irã e os EUA sejam arrastados para uma guerra regional aumentaram com a intensificação do ataque de Israel ao Líbano nas últimas duas semanas, incluindo o início de uma operação terrestre na segunda-feira, e seu conflito de um ano na Faixa de Gaza.
No ataque desta terça-feira, o Irã disparou mais de 180 mísseis balísticos contra o território israelense, disse Israel. Sirenes soaram por todo o país, e explosões foram ouvidas em Jerusalém e no vale do rio Jordão. Israelenses se juntaram em abrigos antiaéreos e repórteres na televisão estatal se deitaram no chão durante transmissões ao vivo.
As forças iranianas usaram pela primeira vez mísseis hipersônicos Fattah e 90% dos mísseis atingiram com sucesso seus alvos em Israel, segundo a Guarda Revolucionária.
As defesas aéreas de Israel foram ativadas e a maioria dos mísseis foi interceptada ‘por Israel e uma coalizão de defesa liderada pelos Estados Unidos’, disse o contra-almirante israelense Daniel Hagari em um vídeo no X, acrescentando: ‘O ataque do Irã é uma escalada grave e perigosa.’
A região central de Israel recebeu ‘um pequeno número’ de explosões e houve outros ataques no sul do país, disse ele. Os militares israelenses publicaram um vídeo de uma escola na cidade central de Gadera, que foi fortemente danificada por um míssil iraniano.
Não houve feridos, de acordo com Israel, mas um homem foi morto na Cisjordânia ocupada, segundo autoridades locais.
Navios de guerra da Marinha dos EUA dispararam cerca de uma dúzia de interceptores contra mísseis iranianos que se dirigiam a Israel, informou o Pentágono.
O presidente norte-americano, Joe Biden, manifestou total apoio dos EUA a Israel e descreveu o ataque do Irã como “ineficaz”. Ele disse que houve uma discussão ativa sobre a forma como Israel irá responder e que irá conversar com Netanyahu.
Israel prometeu consequências para o ataque.
‘Nós agiremos. O Irã em breve sentirá as consequências de suas ações. A resposta será dolorosa’, disse o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, a repórteres.
A Casa Branca prometeu igualmente “consequências graves” para o Irã e o porta-voz Jake Sullivan disse numa conferência de imprensa em Washington que os EUA iriam “trabalhar com Israel para que isso acontecesse”.
Sullivan não especificou quais seriam essas consequências, mas não chegou a apelar à contenção de Israel, como os Estados Unidos fizeram em abril, quando o Irã levou a cabo um ataque com drones e mísseis contra Israel. O Pentágono disse que os ataques aéreos desta terça-feira foram cerca do dobro do tamanho do ataque de abril.
Qualquer resposta israelense ao ataque de mísseis desta terça seria recebida com uma “vasta destruição” da infraestrutura israelense, afirmou o Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, por sua vez, num comunicado divulgado pelos meios de comunicação social estatais, prometendo também atingir ativos regionais de qualquer aliado israelense que se envolvesse.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou que a sua operação era defensiva e apenas dirigida às instalações militares e de segurança israelenses. Mais cedo, a agência noticiosa estatal iraniana afirmou que Teerã tinha como alvo três bases militares israelenses. O Irã fez um apelo pela ação do Conselho de Segurança da ONU.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou aquilo que chamou de “escalada após escalada”, afirmando “Isto tem de acabar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo”.