O Itaú informou aos acionistas, durante Assembleia Geral Extraordinária realizada na última quinta-feira, 5, que o ex-diretor-financeiro Alexsandro Broedel Lopes violou políticas internas e regulamentações.
“Foi informado pela administração da Companhia que, conforme apurações internas finalizadas em 24 de novembro deste ano, identificou-se que o ex-administrador da Companhia, Sr. Alexsandro Broedel Lopes, agindo em violação às políticas internas e à legislação e à regulamentação aplicável, atuou em grave conflito de interesses, e em benefício próprio, no relacionamento com determinado e específico fornecedor de pareceres da Companhia a ele relacionado”, diz a ata publicada neste sábado, 7.
O jornal Valor Econômico afirma, na edição deste sábado, 7, que o banco protocolou na noite de sexta-feira 6 uma ação civil contra Broedel. Também é réu Eliseu Martins, um dos maiores especialistas em contabilidade do país, que seria o fornecedor de pareceres ao Itaú supostamente envolvido nas irregularidades.
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A ação foi motivada por uma investigação interna, concluída em 24 de novembro, que revelou que Broedel teria utilizado sua posição para favorecer o fornecedor, resultando em pagamentos que totalizaram R$ 10,4 milhões nos últimos quatro anos.
Os valores pagos, conforme descrito na ata, foram de R$ 3,3 milhões em 2021, R$ 1,8 milhão em 2022, R$ 3,3 milhões em 2023 e R$ 1,8 milhão já em 2024.
Impacto da conduta do ex-diretor e medidas adotadas pelo Itaú
Segundo a ata, essas irregularidades não impactarão as demonstrações financeiras do Itaú nem afetarão outras empresas do grupo. O comitê de auditoria interna informou os resultados das investigações ao Banco Central e a auditores independentes da PricewaterhouseCoopers, contratados pelo Itaú.
“A administração informa, ainda, que ajuizará em 06/12/2024 protesto interruptivo de prescrição, medida preparatória a fim de preservar e resguardar os direitos da Companhia relacionados aos fatos apurados”, diz trecho da ata da assembleia do Itaú.
No documento, consta que a comissão de auditoria interna garantiu que as ações de Broedel não tiveram “impacto sobre as Demonstrações Financeiras da Companhia e, consequentemente, de sua controladora”, que “as condutas permaneceram restritas à Companhia, sem afetar outras empresas que integram o seu Conglomerado”; e que não houve “irregularidades com relação a contratação de outros fornecedores de pareceres da Companhia e de seu Conglomerado”.
Três medidas foram aprovadas na assembleia:
- Anular a aprovação das contas do ex-administrador Sr. Alexsandro Broedel Lopes, relativas aos exercícios de 2021, 2022 e 2023, revogando-se qualquer quitação que possa ter-se operado em seu benefício, inclusive com a propositura da medida judicial apropriada, se necessário;
- Adotar todas as medidas legais cabíveis contra o ex-administrador, o fornecedor e todos os demais que concorreram para os fatos apurados, perante todos os órgãos e instâncias competentes, nas esferas administrativa e judicial, inclusive a propositura da ação de responsabilidade prevista no art. 159 da Lei 6404/76;
- Ratificar a aprovação das Demonstrações Financeiras dos exercícios de 2021, 2022 e 2023 por refletirem corretamente os resultados e a posição patrimonial da Companhia.
Ao Valor, a assessoria de imprensa de Broedel declarou que as acusações são infundadas e que ele pretende recorrer à justiça para se defender. Broedel deixou o Itaú em julho deste ano, depois de 12 anos na instituição, para assumir um cargo no Santander, na Espanha. Eliseu Martins ainda não se pronunciou.