Chegou ao fim uma das maiores carreiras da história do MMA. Neste sábado (21), Dana White confirmou a aposentadoria de Jon Jones em coletiva de imprensa após o UFC Baku, no Azerbaijão.
Campeão em duas categorias diferentes, no meio-pesado e nos pesados, Jones encerra sua carreira como um dos maiores de todos os tempos – para muitos, o maior.
Bones se despede acumulando recordes. Jones é o lutador com mais defesas de título na história tanto do meio-pesado (11), quanto no total (12). Ele é também o lutador com mais combates valendo o cinturão na carreira – 17, com 16 vitórias e um no contest.
Além disso, Jones é o campeão mais jovem da história do UFC, vencendo o título do meio-pesado em 19 de março de 2011, com 23 anos e 243 dias, quebrando o recorde de José Aldo, campeão do peso pena aos 24 anos e 72 dias.
O início no UFC
Campeão universitário de wrestling, Jones começou sua carreira no MMA fora do UFC e conseguiu seis vitórias em apenas três meses, finalizando todos os seus oponentes. Após atrair os olhares da principal organização de MMA do mundo, Jon fez sua estreia no UFC 87, em 9 de agosto de 2008, contra o brasileiro André Gusmão.
Jones aceitou a luta com apenas duas semanas de antecedência e venceu por decisão unânime (30-27, 29-28, 30-27), chamando a atenção por seu estilo pouco ortodoxo de golpear, com cotoveladas e chutes rodados.
A única “derrota”
Depois de bater André Gusmão, Jones venceu Stephen Bonnar e Jake O’Brien antes de enfrentar Matt Hamill na final do The Ultimate Fighter. Bones dominou o adversário durante quase todo o primeiro round quando o árbitro Steve Mazagatti parou a luta e desqualificou Jones por conta do uso da “cotovelada 12-6”, até então proibida pelas regras unificadas do MMA.
Com isso, o americano passou a ter uma derrota em seu cartel, o que revoltou Dana White, que considerou que a luta deveria ter sido declarada um no contest e não uma desqualificação. Recentemente, inclusive, o UFC mudou as regras e a cotovelada que desqualificou Jones passou a ser legal.
A ascensão e o primeiro reinado
Jones deu a volta por cima vencendo Brandon Vera, Vladimir Matyushenko e Ryan Bader antes de receber a chance de enfrentar Mauricio Shogun pelo cinturão do meio-pesado no UFC 128, em março de 2011, após a lesão de Rashad Evans.
Jones venceu por nocaute técnico a 2:37 do terceiro round e se transformou no campeão mais jovem da história do UFC, recorde que mantém até os dias de hoje.
Na sequência, Jones defendeu com sucesso seu cinturão contra Quinton Rampage Jackson, Lyoto Machida, Rashad Evans, Vitor Belfort, Chael Sonnen, Alexander Gustafsson e Glover Teixeira, quebrando o recorde de defesas consecutivas de cinturão no meio-pesado.
A primeira grande polêmica
Um dos maiores rivais – talvez o maior – da carreira de Jon Jones foi Daniel Cormier. A primeira luta entre os dois foi marcada por diversos problemas. O combate estava marcado para o UFC 178, em setembro de 2014.
Durante um evento promocional, os dois foram fazer uma encarada, Jones colou testa com testa com Cormier, que se revoltou e empurrou o adversário. Bones respondeu com um soco e os dois começaram uma confusão que terminou com Jon sendo punido em U$ 50 mil e tendo que cumprir 40 horas de serviço comunitário.
Semanas antes da luta, Jones se machucou e o combate foi adiado para o UFC 182, em que Jon venceu por decisão unânime. Em janeiro de 2015, foi anunciado que o americano testou positivo para cocaína.
Primeira suspensão
Jones tinha uma defesa de cinturão marcada para o UFC 187, contra Anthony Johnson. No entanto, em abril, ele teve seu cinturão retirado e foi suspenso por tempo indeterminado do UFC após estar envolvido em um acidente onde bateu o carro e fugiu sem prestar assistência a uma mulher grávida.
Após quase seis meses suspenso, Jones voltou ao elenco do UFC e tinha a segunda luta contra Cormier marcada para o UFC 197, em abril de 2016. O então campeão do meio-pesado, porém, teve que sair da luta por causa de uma lesão no pé e Jones enfrentou Ovince Saint Preux, vencendo por decisão unânime e conquistando o cinturão interino.
Segunda suspensão
A revanche contra Cormier estava marcada para julho de 2016, no UFC 200. Três dias antes do combate, Jones foi retirado da luta pela USADA (Agência Antidoping dos Estados Unidos) por uma potencial violação do antidoping. Em novembro, foi anunciado que Jon estava suspenso por um ano de forma retroativa desde 7 de julho, quando testou positivo para duas substâncias proibidas – clomifeno e letrozol.
Dias depois, o UFC anunciou que estava retirando o cinturão de Jones pela segunda vez, sendo o primeiro lutador a conseguir o feito na história da organização.
Terceira suspensão
A segunda luta entre Jones e Cormier finalmente aconteceu no UFC 2014, em julho de 2017. Jon venceu por nocaute no terceiro round e conquistou o cinturão do meio-pesado. Menos de um mês depois do título, a USADA voltou a acusar o americano de falhar um teste antidoping feito no dia da pesagem pré-luta.
Jones testou positivo para turinabol, um esteroide proibido, e teve seu cinturão retirado mais uma vez pelo UFC após a comissão atlética de Nevada transformar o resultado em um no contest.
O segundo reinado
Bones retornou ao UFC em dezembro de 2018, em uma revanche com Alexander Gustafsson, valendo o título vago do meio-pesado. Com um nocaute no terceiro round, o americano derrotou o sueco novamente e voltou a ser o campeão linear da categoria.
Seu segundo reinado na categoria durou até agosto de 2020. Jones venceu Anthony Smith, Thiago Marreta e Dominick Reyes em sequência, se transformando no lutador com mais defesas de título bem sucedidas na história da divisão, com 11.
Cinturão vago e mais problemas judiciais
Em 2020, Jon Jones abriu mão do seu cinturão após uma briga com Dana White por questões financeiras em uma possível luta com Francis Ngannou e também manifestou seu desejo de subir para os pesados, o que aconteceria apenas três anos depois, em 2023.
Nesse meio-tempo, Jones se envolveu em mais problemas judiciais. Antes mesmo de abrir mão do cinturão, Jon foi preso em Albuquerque após um policial ouvir um disparo de tiro e notar o lutador embriagado dentro de um carro.
Bones falhou no teste do bafômetro e foi preso por dirigir embriagado, uso negligente de arma de fogo, posse de bebida dentro do carro e por dirigir sem documentos. Dias depois, ele alegou culpa para dirigir embriagado e fez um acordo com a Justiça americana, sendo obrigado a cumprir 48 horas de serviço comunitário e 90 dias de terapia.
Em setembro de 2021, Jones foi colocado no Hall da Fama do UFC, no dia 24. Na manhã do dia 25, a polícia foi chamada para o quarto do lutador no hotel em Las Vegas, após uma ligação feita pelo segurança do local para a polícia quando a filha mais nova do lutador saiu pedindo ajuda, alegando que o atleta havia agredido sua esposa, Jessie Moses.
Quando os policiais chegaram, Jones estava tentando fugir do hotel, mas não conseguiu. Ao ser preso pelos policiais, Jon chegou a dar uma cabeçada no capô da viatura. Em dezembro, as acusações de violência doméstica contra Jones foram retiradas.
Duplo-campeão
Depois de todos os problemas, Jones voltou ao octógono do UFC no peso pesado no UFC 285, em março de 2023. O americano finalizou Ciryl Gane com uma guilhotina no primeiro round e ganhou o cinturão vago da categoria, se tornando duplo-campeão.
Fim da carreira
No dia 17 de novembro de 2024, Jones fez sua única defesa do cinturão do peso pesado contra Stipe Miocic. Após vencer quem ele mesmo considerava o “maior peso pesado de todos os tempos, Jones se afastou dos octógonos. Sete meses depois, o americano confirmaria sua aposentadoria em ligação para Dana White.
“O Jon Jones ligou para a gente ontem a noite e se aposentou. O Jon Jones está oficialmente aposentado”, disse o mandatário em conferência de imprensa.