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Judicializar IOF pode fazer Lula romper com o Congresso

O deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) classificou como “histórica” a derrota do governo Lula na votação que derrubou o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), aprovada por ampla maioria na Câmara dos Deputados.

Em entrevista ao Oeste Sem Filtro desta quinta-feira, 26, Marcon destacou que a votação revela um enfraquecimento do governo no Legislativo e alertou para um agravamento na crise institucional caso a decisão do Congresso seja judicializada.

“Se o governo decidir judicializar a questão do IOF, ele vai estar dando talvez o golpe de misericórdia na relação com o Congresso”, afirmou. O parlamentar lembrou que foram 383 votos contra apenas 98 a favor do governo, e observou: “Nunca tinha visto a oposição fazer 383 votos. Um processo de impedimento precisa de 342.”

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Para Marcon, o resultado expõe uma ruptura na base aliada do Executivo. “O governo fez muitas promessas para parlamentares e não cumpriu, é um governo que não cumpre promessas”, disse. Ele mencionou também o desgaste político da figura do presidente: “Hoje muitos parlamentares sabem que precisam colocar o verde e amarelo no panfleto senão não vão se reeleger.”

O deputado reforçou que muitos congressistas têm se afastado do governo em razão da impopularidade de certas medidas e do “radicalismo ideológico”. Citou como exemplos o posicionamento em relação a Israel e a atuação da primeira-dama Janja.

Marcon também questionou a legitimidade da narrativa oficial de que o IOF seria um imposto voltado aos mais ricos: “Quando criaram, por exemplo, a taxa das blusinhas, era pro pobre ou era pro rico?”, perguntou.

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Ao comentar a possibilidade de judicialização da decisão do Congresso, o deputado alertou sobre os riscos de reação institucional. “O processo de impedimento de um ministro do Supremo pode ser aberto a qualquer momento”, lembrou.

Ele avaliou que o STF pode se tornar alvo de retaliações parlamentares: “O preço que eles vão pagar perdendo o poder, quando nós aprovarmos, por exemplo, o fim do foro [privilegiado], talvez não compense.”

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Durante a entrevista, Marcon também criticou a proposta de aumentar o número de deputados federais e afirmou que o governo e o centrão priorizam o auto-interesse. “O Brasil deveria estar discutindo a diminuição do número de parlamentares”, declarou. Segundo ele, 76% da população era contra a medida, e quem votou a favor “cometeu uma traição que deve ser punida nas urnas”.

Por fim, destacou o distanciamento da base governista com a liderança do PT. “Foi feita uma reunião para discutir o IOF”, contou. “A Gleisi convocou os líderes dos partidos. Somente dois líderes apareceram. Tem gente que nem responde mais à Gleisi.” Segundo Marcon, o atual cenário mostra que o governo está “sem narrativa, sem votos e sem perspectiva”.

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