Um dos sucessos da cantora Ludmilla, “A Preta Venceu” é muito mais do que uma música para Lorrane Oliveira. A frase resume o que aconteceu na vida da ginasta de 27 anos depois da medalha histórica conquistada nas Olimpíadas de Paris 2024.
Ao lado de Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Júlia Soares, Lorrane Oliveira levou o Brasil pela primeira vez ao pódio olímpico na ginástica artística por equipes. O quinteto só ficou atrás dos Estados Unidos e da Itália.
A medalha inédita fez a vida de Lorrane Oliveira mudar. Em entrevista à ESPN.com.br, a ginasta falou sobre a procura de marcas para fazer publicidade e dar palestras, além de destacar o aumento do assédio do público.
“Eu posso dizer que minha vida mudou completamente. Hoje em dia eu dou muito mais palestras, conto minha história para todo mundo e as pessoas querem saber como que eu cheguei até aqui, como foi esse período, como funciona a ginástica. Isso é muito admirável, porque a gente diz que a gente não faz ginástica só para ganhar medalha, a gente faz também para inspirar pessoas e foi isso o que aconteceu. É um sentimento muito bom”, disse Lorrane.
“Além disso, muitas parcerias que a gente tem fechado. Eu, particularmente. A minha vida mudou muito e graças a Deus está acontecendo tudo isso. Eu precisava muito disso porque a gente vive do esporte. Eu sou estudante (cursa Educação Física), mas a ginástica é minha vida. Então hoje estou realizando esses outros sonhos, fazendo uma reserva extra”, completou.
Quase um ano depois das Olimpíadas de Paris, Lorrane Oliveira ainda não se acostumou com a reviravolta que sua vida sofreu. Para manter a cabeça no lugar, a carioca de 27 anos conta com a ajuda de Rebeca Andrade, a maior medalhista olímpica do Brasil, com seis conquistas.
“Parece que em um segundo a minha vida mudou completamente. Eu estou tentando entender isso tudo. Já vai fazer um ano, mas é muito difícil assimilar tudo isso”, admitiu.
“Eu sempre converso muito com a Rebeca, porque ela é a minha melhor amiga e já estava acostumada, ela entrou nessa vida antes. Eu falo ‘Rebe, meu Deus, eu fechei publicidade com essa marca, eu vou fazer isso agora’. E ela ‘é vai se acostumando com essa vida, guarda dinheiro’. Aí eu ‘não pode deixar’. Eu converso muito com ela. Até hoje eu falei ‘caraca, eu fechei com tal marca agora e tal’. E ela ‘você está colhendo os frutos que você plantou’. E é verdade”, comentou.
As “dicas” de Rebeca Andrade estão ajudando Lorrane Oliveira a realizar outros sonhos, como ter carro e apartamento próprios. Algo que era difícil imaginar há 18 anos, quando a carioca iniciou na ginástica.
“Eu consegui realizar meus sonhos, que foi comprar meu carro, agora estou juntando dinheiro para comprar minha casa, porque eu já tenho o meu apartamento. Eu moro sozinha com as minhas duas gatinhas. Então o esporte proporcionou isso para mim. Ele mudou a minha vida completamente, porque eu vim de uma família muito humilde. Eu sempre sonhei muito alto e meu sonho sempre foi ter meu dinheiro, minha casa. Acho que são coisas básicas que todo cidadão deve ter. Então eu ter isso tudo hoje é muito gratificante”, comemorou.
O companheirismo e amizade das ginastas fora do ginásio também é observado dentro dele, no solo das competições. As duas representam o Brasil em competições internacionais no adulto desde 2015. Lorrane, assim como Rebeca, aproveitou os últimos meses para descansar um pouco e diminuir a intensidade dos treinos e competições, mas sem tirar os Jogos Olímpicos de Los Angeles do horizonte.
“Eu e o meu treinador, a gente conversou bastante, então teoricamente esse é um ano mais tranquilo. A gente só volta a competir no segundo semestre. Em setembro, tem o Campeonato Brasileiro. Então, tivemos tempo para a gente voltar com calma para não se machucar, adaptar o corpo de novo, porque foram meses parada. É difícil voltar muito rápido. O principal objetivo esse ano é o Mundial, mas tem outras competições para a gente cumprir antes”, contou.
O Campeonato Mundial de Jacarta, em outubro, será o primeiro grande evento da ginástica artística deste novo ciclo e será apenas uma disputa de especialistas, sem a prova por equipes que deu a medalha de bronze para Lorrane, Rebeca, Jade, Flavinha e Julia.
“Eu sempre estou animada e disposta a fazer o meu máximo para representar o meu Brasil. Então, se eu decidir ficar mais um ciclo, se eu vou competir mais um ciclo e tentar mais uma Olimpíada, pode ter certeza que eu sempre vou dar o meu máximo”, afirmou.
Com um sorriso no rosto ao falar de competir pelo Brasil e relembrar a conquista em Paris, Lorrane também contou que os convites para eventos também ajudam a distrair um pouco e amenizar a rotina puxada de um atleta de alto rendimento.
“Eu fico toda animada quando chega um convite para mim. Por exemplo, eu amo o Numanice, da Ludmilla cantando pagode. Eu sou muito pagodeira, eu sempre comprava para ir e agora eu sou convidada”, comemorou.
A mudança do papel de mais uma fã em um show para o de protagonista também impressionou a ginasta.
“Depois da Olimpíada, muitos famosos vinham até mim, sabiam meu nome e me cumprimentavam. Eu falava ‘meu Deus, que loucura’. O mundo mudou. Um dos famosos que eu gostei muito de conhecer foi a Ludmilla”.
E como diz a letra da cantora carioca:
“Era correria para caramba, muito sonho e pouca grana, só quem tava lá para saber como foi. Eu pedi tanto uma chance, sonhei de um jeito e Deus fez melhor. A preta venceu e encheu a mamãe de orgulho.”
Lorrane encheu a mãe e o Brasil todo de orgulho.