O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou o presidente norte-americano Donald Trump de se intrometer em assuntos internos do Brasil. A crítica foi feita nesta segunda-feira, 7, depois que o republicano saiu em defesa de Jair Bolsonaro.
Para Lula, a “defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros”. No entanto, seu discurso sobre soberania nacional esbarra em contradições. O petista coleciona uma série de intervenções em países vizinhos.
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Em abril, ele concedeu asilo à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada a 15 de prisão por corrupção, e acionou a Força Aérea Brasileira para buscá-la em Lima. A imprensa peruana e figuras políticas locais criticaram o gesto. Segundo o jornal El Comercio, até ex-ministros do país classificaram o ato como irregular.
Para o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), Lula “não tem moral alguma para falar em interferência” internacional.
“Lula foi à Argentina defender Cristina Kirchner, deu asilo político para Nadine Heredia, pediu apoio da China para discutir a censura nas redes sociais e, quando foi preso, recorreu a organizações internacionais”, disse o parlamentar.
Em sua recente viagem à Argentina, Lula foi visitar sua amiga Cristina, condenada e presa como ladra. Foi um insulto gratuito e mesquinho à justiça argentina. Agora, quando Trump se solidariza com Bolsonaro, Lula se diz ofendido e rosna ameaças. A palhaçada continua.
— jrguzzo (@jrguzzofatos) July 7, 2025
No ano passado, Lula foi acusado de interferência direta na eleição presidencial da Argentina. O atual presidente, Javier Milei, reagiu duramente às declarações e ao apoio público do petista a seu adversário, Sergio Massa.
“Depois das agressões de Lula (em especial sua forte interferência na campanha eleitoral e o sólido apoio à campanha mais suja da história), se queixa porque lhe respondo com a verdade (esteve preso por corrupção e é comunista)”, argumentou Milei.
Lula também se envolveu em crises internacionais
A atuação de Lula em cenários externos extrapola a América do Sul. O petista tentou articular, sem sucesso, um acordo de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, com mediação da China.
Sugeriu ainda que o líder Vladimir Putin participasse de uma negociação direta com o presidente Volodymyr Zelensky em Istambul — o que não ocorreu. Ao comentar a guerra, Lula indicou que a Ucrânia dificilmente retomará os territórios ocupados.


Na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o petista acusou o governo de Benjamin Netanyahu de cometer “genocídio” e comparou a ofensiva ao Holocausto. Em razão de suas declarações, o Estado judeu o declarou como persona non grata no país.
Enquanto isso, na Venezuela, o presidente defendeu a lisura das eleições vencidas pelo ditador Nicolás Maduro, ignorando as denúncias de fraude. Disse estar “convencido” de que o pleito foi “normal” e “tranquilo”. O governo brasileiro, inclusive, foi representado na cerimônia de posse do líder chavista.
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Nos Estados Unidos, Lula declarou apoio a Joe Biden na disputa com Trump e, depois, à candidatura de Kamala Harris. Alegou que o republicano era um risco à democracia norte-americana, ao passo que o democrata garantia respeito às instituições.