No fim de junho, o presidente Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, estiveram no centro de São Paulo. A agenda surgiu de articulações feitas entre o governo federal e a Associação da Comunidade do Moinho. Informações obtidas pela imprensa mostram que a sede da entidade serviu como depósito de drogas do PCC. Alessandra Moja Cunha, que preside a Associação, é irmã de Leonardo Monteiro Moja, o Léo do Moinho, antigo chefe do tráfico local, preso em agosto de 2023.
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Durante a passagem pela comunidade, Lula anunciou o compromisso de realocar aproximadamente 900 famílias
O Ministério Público de São Paulo afirmou que a favela se encontra sob controle do grupo criminoso. O acesso costuma ser restrito aos moradores. Dois dias antes da visita presidencial, o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral, visitou a Associação. A pauta tratou dos detalhes do evento oficial. Durante a passagem pela comunidade, Lula anunciou o compromisso de realocar aproximadamente 900 famílias. O terreno ocupado pertence à União e deve ser transformado em parque.
Relatórios da Receita Federal indicam que a Associação funciona no número 20 da Rua Doutor Elias Chaves. No mesmo endereço, em agosto de 2023, a Polícia Civil encontrou cocaína, crack e maconha durante a operação Salus et Dignitas. O campo de futebol da comunidade, onde ocorrem atividades sociais, fica perto do local.


Alessandra tem 40 anos e já foi condenada por homicídio. O Ministério Público também a acusa de ligação com o PCC. A filha dela, Yasmin Moja, representou a Associação em reuniões com o governo. Entre novembro de 2024 e junho de 2025, ao menos cinco encontros ocorreram com integrantes da Secretaria-Geral. Os diálogos envolveram secretários-executivos de pastas como Justiça, Direitos Humanos e Gestão.
Em outro momento, Alessandra divulgou um vídeo em suas redes. A gravação mostra reunião com a secretária-executiva Kelli Mafort e outros representantes federais. Moradores aparecem gritando palavras de apoio à permanência na área. Parlamentares do PT e do Psol também marcaram presença no ato. O governo Lula decidiu que nenhuma moradia seria demolida antes da transferência das famílias. Cada núcleo familiar terá direito a até R$ 250 mil, com R$ 180 mil vindos da União e R$ 70 mil do governo estadual.
Ministério Público relata que a família Moja consolidou a área como base de distribuição de drogas
Trechos da denúncia do MP relatam que a família Moja consolidou a área como base de distribuição de drogas. A ausência do Estado favoreceu esse domínio.
Em nota oficial, Márcio Macêdo destacou que o diálogo com lideranças comunitárias é parte essencial das políticas de inclusão social e habitação. A Secretaria de Comunicação reforçou que a agenda presidencial seguiu protocolos de segurança, foi acompanhada pela imprensa e teve caráter transparente.


Leia a íntegra da nota da Secom
“A agenda do Presidente da República na Favela do Moinho, em São Paulo, teve caráter institucional e público, voltado à escuta da comunidade e ao anúncio de políticas públicas em uma das regiões mais vulneráveis da cidade.
A interlocução com representantes comunitários é uma prática essencial de qualquer governo que atue com políticas públicas voltadas à inclusão, à moradia e à promoção da dignidade. Associações locais são formadas e escolhidas pelos próprios moradores e constituem pontos naturais de contato com o poder público.
Neste caso em específico, a interlocução com o presidente se deu por meio de Flavia Maria da Silva, liderança designada pela comunidade como porta-voz, com trajetória reconhecida e idônea.
A agenda do presidente consistiu em um ato na quadra poliesportiva da comunidade, uma visita à escola local, onde foi recebido por um coral de crianças, e a uma visita de cortesia à residência de Flavia da Silva.
A segurança do presidente, da primeira-dama e de toda a comitiva foi conduzida de forma rigorosa pelos órgãos competentes, conforme o protocolo adotado em qualquer agenda presidencial, não tendo sido identificado qualquer risco à integridade das autoridades presentes.
O governo federal reforça que atua com responsabilidade institucional, respeito às normas de segurança e compromisso com a promoção de políticas públicas voltadas à inclusão social e à melhoria das condições de vida da população”