Enquanto cresce a tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Lula embarca, neste domingo, 20, para Santiago. No Chile, o brasileiro vai participar de uma reunião com líderes de esquerda da Ibero-América.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
O encontro busca articular respostas ao avanço do que chama de “extremismo em plataformas digitais” e ocorre em meio à recente ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.
O contexto da viagem é de aumento das tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, medida que o governo Lula interpreta como retaliação e interferência na soberania nacional. No país vizinho, o petista pretende detalhar como as tarifas, usadas como ferramenta política, afetam o Brasil e discutir estratégias conjuntas para enfrentar ações similares na região.
Taxação de big techs e regulação digital na pauta de Lula
Durante o evento, os debates devem abordar propostas para taxar grandes empresas de tecnologia, criar mecanismos de governança digital e regular a inteligência artificial. O governo brasileiro já discute a tributação das big techs desde 2023. Contudo, o tema ganhou urgência diante da pressão de Trump e ameaças de reciprocidade tarifária.
Conforme bastidores do governo, Lula vai mencionar a carta de Trump, que condicionou o fim das tarifas de 50% à suspensão de processos judiciais no Brasil, para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro e empresas norte-americanas. Para o Planalto, essa exigência representa “um dos ataques mais explícitos à democracia brasileira”. O petista destacará como buscou apoio institucional no Congresso e na sociedade.
Além de Lula e do anfitrião Gabriel Boric, presidente do Chile, também devem participar Gustavo Petro, presidente da Colômbia; Yamandú Orsi, presidente do Uruguai; e Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha. Claudia Scheinbaum, presidente do México, recebeu o convite de Boric, meses atrás, mas não confirmou presença.
Leia também: “Soberania para roubar”, artigo de J.R. Guzzo publicado na Edição 278 da Revista Oeste
A reunião, batizada de “Democracia Sempre”, acontecerá no Palácio La Moneda e foi planejada desde 2024. Contudo, enfrentou adiamentos por conflitos de agenda. O encontro presencial foi acertado entre os líderes em uma videoconferência no fim de fevereiro. Isso ocorreu depois de Trump tomar posse e adotar medidas como deportações em massa.
