A Organização dos Estados Americanos (OEA) vive uma disputa decisiva. Na sexta-feira 21, três dos sete assentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) estarão em jogo. O resultado pode consolidar o domínio da esquerda sobre o órgão ou abrir espaço para vozes comprometidas com a democracia, pressionadas por regimes como China, Cuba e, agora, pelo Brasil, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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O governo norte-americano, que financia quase metade do orçamento da OEA, deixou escapar, em março, a oportunidade de apoiar um candidato alinhado aos interesses dos Estados Unidos para a secretaria-geral. O posto ficou com o preferido de China e Brasil, como destacou a jornalista Mary Anastasia O’Grady, em artigo publicado no The Wall Street Journal. Agora, Washington tenta reagir na eleição da CIDH.
Entre os candidatos estão Rosa María Payá, filha do ativista cubano Oswaldo Payá, assassinado em 2012 por agentes do regime de Havana. Ela dá continuidade à luta do pai por uma transição pacífica em Cuba. Outro nome conservador é o jurista colombiano Carlos Bernal Pulido, que concorre à reeleição com apoio do Peru.


Informações de bastidores em Washington revelam que Lula atua pessoalmente para barrar candidaturas
Ambos enfrentam forte resistência dos aliados da esquerda latino-americana. Informações de bastidores em Washington revelam que Lula atua pessoalmente para barrar as candidaturas de Payá e Bernal Pulido. O petista, alinhado historicamente aos interesses de Cuba e discípulo político de Fidel Castro, aposta na manutenção do controle progressista sobre a comissão — conforme relatou O’Grady no Wall Street Journal.
Se a esquerda garantir maioria, a CIDH continuará adotando uma visão militante, colocando temas como ideologia de gênero, aborto e ambientalismo acima da soberania dos países. O órgão também tem sido leniente com a violência política que abalou democracias da região, como os atos de vandalismo registrados no Chile em 2019, classificados pela comissão como consequência de “desigualdades históricas”.
Por outro lado, países democráticos, como Peru e Colômbia, têm sido alvos constantes da CIDH, acusados de uso excessivo da força quando tentam conter ações de grupos que, muitas vezes, operam para desestabilizar governos eleitos.
O resultado da votação na sexta-feira servirá como termômetro da capacidade dos Estados Unidos — agora sob liderança de Donald Trump — de defender seus valores e conter o avanço da influência de regimes autoritários na América Latina. A disputa também representa um teste direto para o secretário de Estado, Marco Rubio, e sua habilidade de enfrentar o eixo formado por Pequim, Havana e Brasília.