O Brasil terá uma nova campeã do UFC após o término do evento de sábado (25), em Abu Dhabi. Mackenzie Dern e Virna Jandiroba fazem sua revanche para definir quem assumirá o cinturão dos palhas após Zhang Weili subir de divisão.
O confronto coloca Virna, desafiante natural ao cinturão e que vinha sendo apontada como a próxima lutadora a medir forças com Weili, contra Mackenzie Dern, que, por admissão própria, ainda sentia necessidade de mais uma vitória até disputar o título da categoria.
Em entrevista exclusiva à ESPN, Mackenzie, nascida nos Estados Unidos e naturalizada brasileira, explicou como foram as negociações para o casamento de sua luta com Virna. O duelo, inclusive, inicialmente nem seria pelo cinturão.
“Eles demoraram até para confirmar que a Weili ia subir, pelo menos para mim. Falaram que ela ia subir, e que ia ser pelo cinturão interino (contra Virna). Então, obviamente eu fiquei super feliz, porque cinturão é cinturão, para a gente já era próximo passo”, relembra Mackenzie.
“Daí passou uma semana e o Dana White anunciou (a luta). Aí eu comecei a ver no Instagram que nossa luta seria pelo cinturão mesmo. E primeiramente eu achei que era um erro de legenda e de comunicação assim “, relembra Mackenzie.
Foi só após falar com seu empresário que a brasileira descobriu que sua luta de fato valeria o título indiscutível da categoria. A oponente ainda seria a mesma, Virna Jandiroba, porém em um palco muito maior.
“Obviamente os treinos não mudaram, mas o coração ficou assim: Caraca, não acredito! Eu cheguei aqui, porque eu já bati na trave algumas vezes. Então, estar aqui lutando pelo cinturão, eu me sinto tão realizada”, pontua Mackenzie.
A própria Mackenzie admite que a surpresa com o ‘title shot’ não veio só pelo anúncio repentino nas redes sociais, mas também porque ela própria não se sentia tão próxima do cinturão após sua última vitória, contra Amanda Ribas, no primeiro evento de 2025.
“Na minha cabeça eu estava sentindo que ia começar a fazer mais revanches e recuperar um pouco das minhas derrotas. Isso me fez sentir que mais uma vitória contra uma menina que eu já perdi ia me colocar pra lutar pelo cinturão, mas ainda sabendo que a Virna estava num lugar muito bom para lutar por ele”, explica.
“Eu falei: eu estou achando que a Virna pode até lutar pelo cinturão e quem sabe, se eu ganhar mais uma de uma das meninas que eu perdi, vai que eu luto contra a Virna pelo cinturão um dia. E isso foi um pensamento bem assim no ar”.
Já fechado e anunciado ao público, inclusive à Mackenzie, o duelo com Virna chamou muita atenção por dois motivos: primeiramente por ser uma revanche de um duelo que aconteceu há cinco anos, e segundamente pelo casamento de duas grapplers de altíssimo nível.
Quanto à questão de já ter enfrentado Virna, tendo vencido ela em 2020, Mackenzie admite que disputar o cinturão em uma revanche à tranquiliza, complicando, na verdade, a vida de sua adversária, que tem que encontrar pela primeira vez uma forma de vencê-la.
”Eu acho que eu não estou com essa pressão para essa luta. Eu acho que a pressão está na Virna, na real, porque ela que vem com sequência de luta, ela é que está na minha frente no ranking, ela que está favorita, ela que ganhou da maioria das minhas que ganharam de mim”.
“No fundo do meu coração, eu sei que na hora da luta eu tenho o que eu preciso para ganhar, porque eu já foi feito uma vez. Eu sei que eu consigo, porque eu, muito pior do que sou hoje, consegui. Então só isso aí, pelo menos me dá o que eu preciso para eu dar o meu melhor nessa luta”, explica a brasileira.
Quanto ao grappling de sua adversária, especialidade de Virna, Mackenzie, que é uma lenda viva do jiu-jitsu feminino, mostra poucas preocupações. Reconhece o nível de pressão aplicado pela compatriota, mas não acha que as apostas de Jandiroba para a vitória estarão no chão.
“Então ela bota essa estratégia dela, ela é como se fosse um Khabibzinho, tem uma pressão, acredito, boa. E eu nem cheguei a sentir isso na primeira luta, que a gente ficou trocando. Mas eu não acredito que ela vai querer ficar arriscando 25 minutos no chão comigo, sendo que meu é meu ponto forte também é o jiu-jitsu”, explica Mackenzie
“Em questão de grappling eu acho que tenho todas as vantagens em cima dela, porque ela conseguiu lutar bem contra meninas de trocação. Mas as derrotas dela são para mim, para a Carla Esparza que vem do wrestling e para a Amanda Ribas, que é trocadora, mas o forte dela foi judô, tem faixa preta de jiu-jitsu”.
“Estou treinando para ganhar dela em todas as áreas, porque eu quero ser campeã. Não quero deixar nas mãos dos juízes. Eu quero que seja claro. O pessoal já nem acha que eu estou merecendo essa oportunidade de lutar pelo cinturão então o que eu mais quero mostrar é que eu mereço sim”, finaliza a brasileira.


