O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou, nesta terça-feira, 12, a Colômbia para uma aliança estratégica, em resposta à iniciativa dos Estados Unidos (EUA) de anunciar a maior recompensa da sua história, US$ 50 milhões, pela captura do presidente venezuelano.
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A acusação do governo norte-americano é a de que Madura lidera uma das redes de tráfico de drogas mais perigosas do planeta. A proposta feita por ele à Colômbia é, segundo o governo venezuelano, uma maneira de realizar uma colaboração reforçada entre os dois países, inclusive com a integração das forças militares.


Maduro afirmou durante seu programa semanal que é imprescindível “unir dois governos nacionais com seus ministérios, e para unir as forças armadas da Colômbia com as forças armadas bolivarianas” da Venezuela.
A proposta surge em meio a crescentes pressões de Washington. Os EUA planejam “novas medidas” contra o regime venezuelano, segundo Christopher Landau, subsecretário de Estado norte-americano, relata o El Nuevo Herald.
O presidente colombiano Gustavo Petro, ex-guerrilheiro e primeiro líder de esquerda da Colômbia, reagiu com firmeza, alertando que qualquer ataque militar à Venezuela será interpretado como agressão contra seu próprio país. Petro também acusou autoridades dos EUA, incluindo Marco Rubio, de conspirar contra seu governo.
Ele, porém, amenizou a acusação em carta ao ex-presidente Donald Trump, Nesta sua política errática, agora Petro busca se aproximar de Maduro para fortalecer a solidariedade regional diante das ações norte-americanas, prossegue o Herald.
Internamente, Maduro reforça sua imagem de poder e controle sobre o país. Ao lado dos ministros Vladimir Padrino e Diosdado Cabello, ele destacou a lealdade das Forças Armadas venezuelanas e declarou que a recompensa oferecida não abalará seu apoio.
Além disso, o governo vem investindo milhões em propaganda. Manifestações pró-regime têm sido preparadas, em Caracas e outras cidades importantes. Delas participam servidores públicos e militares.
São lideradas por figuras conhecidas pelo radicalismo de esquerda, como a vice-presidente Delcy Rodríguez, o presidente da Assembleia Nacional Jorge Rodríguez e a prefeita Carmen Meléndez.
A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, anunciou o aumento da recompensa para o atual valor. Ela ainda denunciou Maduro como chefe do Cartel de los Soles, rede de narcotráfico ligada ao aparato militar venezuelano, que colabora com organizações como o Cartel de Sinaloa e o grupo Tren de Aragua.
“Ele é um dos maiores narcotraficantes do mundo e uma ameaça à nossa segurança nacional”, afirmou Bondi, ao destacar ainda o confisco de mais de US$ 700 milhões em bens ligados ao presidente, incluindo aviões, carros e imóveis.
Processos judiciais em Nova York detalham como Maduro teria assumido o comando do cartel depois da morte do ditador Hugo Chávez, em 2013, integrando suas operações com o Estado venezuelano.
O objetivo da rede, segundo a acusação, ia além do lucro: “inundar os EUA com cocaína e infligir os efeitos nocivos e viciantes da droga nos consumidores daquele país”.
Enquanto outros nomes do regime, como Diosdado Cabello e Tareck El Aissami, eram considerados as figuras públicas do cartel, evidências recentes, segundo o jornal, indicam que Maduro desempenhou papel central.
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Estima-se que mais de 250 toneladas de cocaína transitem anualmente pela Venezuela, possivelmente o dobro nos últimos anos devido à crise econômica causada pelas sanções.
Este episódio marca uma escalada na longa disputa entre Washington e Caracas. As sanções, o isolamento diplomático e as exigências para a saída de Maduro fracassaram, levando os EUA a adotarem medidas mais duras, como a oferta recorde pela sua captura.
O chanceler venezuelano Yván Gil criticou o anúncio: “Enquanto desmontamos os complots terroristas orquestrados desde seu país, esta senhora [Bondi] sai com um circo midiático para agradar a ultradireita derrotada na Venezuela. Não nos surpreende, vindo de quem vem.”
Maduro, por sua vez, tenta usar a recompensa como símbolo de resistência. Ao reforçar sua ligação com Petro e outros líderes de esquerda, busca apresentar os EUA como o agressor. Quer com isso, envolver toda a América Latina em sua empreitada ideológica.