Depois de passar praticamente toda a última terça-feira (2) à espera de um acordo para reforçar o São Paulo, por empréstimo de quatro meses, o atacante Marcos Leonardo trabalha agora nos bastidores, juntamente com os seus representantes e advogados, a possibilidade de buscar a rescisão por justa causa no Al Hilal, segundo apurou a ESPN.
Com base em interpretações dos regulamentos da Fifa, o estafe do atacante brasileiro acredita que está resguardado com a seguinte tese jurídica: caso não seja inscrito na liga local (Saudi Pro League, no caso), o jogador, sobretudo um jovem estrangeiro, pode entrar na Justiça contra o próprio clube para ficar livre pois “estaria sendo privado de exercer a sua principal função como profissional”, entre outras palavras.
Como o tema é bastante delicado e envolve uma queda de braço pesada com o Al Hilal, a situação tem sido elaborada com bastante cautela pela defesa do atleta, desde o fim de semana passado, e caminha para ter novos capítulos já nos próximos dias. Enquanto isso, o ex-santista, que já retornou para Riade, vai treinar normalmente com o grupo do italiano Simone Inzaghi e cumprir as ordens internas.
Com permissão dos sauditas, Marcos Leonardo esteve em São Paulo nos últimos dias, disponível para, a qualquer momento, assinar com o Tricolor até dezembro e rapidamente ser integrado ao elenco do argentino Hernán Crespo. Neste período, inclusive, recusou todas as outras abordagens que recebeu no mercado, especialmente do futebol brasileiro. Estava mesmo decidido a reforçar o time do coração.
Se eventualmente avançar com a estratégia e conseguir a rescisão no Al Hilal, o atacante ficaria livre para fechar com qualquer outra equipe, podendo, sim, ser inscrito até mesmo no Brasil. Isso porque, caso venha a acontecer, a saída seria por justa causa – a Fifa permite inscrições fora do prazo nas entidades filiadas (CBF, no caso) para jogadores envolvidos neste contexto, diferentemente de uma rescisão por mútuo acordo.
Ainda no caso de uma saída por justa causa, o brasileiro, que foi o artilheiro do Mundial de Clubes nos Estados Unidos, teria também direito a receber praticamente todo o valor do contrato assinado no ano passado com o Al Hilal, ou seja, quase 20 milhões de euros (R$ 127 milhões) pelas quatro temporadas restantes (5 milhões de euros por cada uma delas).
No último dia da janela de transferências no Brasil, o Tricolor fez de tudo para garantir a contratação por empréstimo de Marcos Leonardo. Entre 14h e 0h, todos os envolvidos na negociação (do lado são-paulino e também do jogador) estiveram reunidos na mesma sala, num contato frequente com a diretoria do Al Hilal.
Entre avanços e (vários) retrocessos, o clube saudita, que nunca cogitou emprestar o atacante sem custos, colocou em cima da mesa a seguinte condição: o pagamento de uma taxa de cedência de aproximadamente R$ 12 milhões. O São Paulo, por sua vez, estava disposto a pagar apenas uma parte do valor em questão. Sem acordo, o negócio acabou mesmo por cair.
Para não correr o risco de perder o jogador, o Al Hilal pode optar agora por um empréstimo dentro da própria Arábia Saudita ou uma transferência para um mercado que ainda esteja aberto, como Qatar, Rússia e Turquia. Para isso, claro, Marcos Leonardo precisaria aceitar as condições.